terça-feira, 30 de novembro de 2010

Lá vai ela

Lá vai ela
Solta, nua, brilhante e até indecente lá vai ela
Olhos curiosos tentam decifrá-la, (des) enigmatizá-la. Mas, indiferente, lá vai ela
Passeia desinibida e estonteante, sacolejando num ritmo perfeitamente frenético, lá vai ela
Ninguém sabe donde vem ou pra onde vai, sabe-se apenas que é dona de si, cheia de si
Seu perfume interrompe a normalidade e a moralidade do vento
Sua beleza interrompe e desarma a impetuosidade do tempo
Sua pegada beija com furor o asfalto desnivelado. Lá vai ela
Alma minha. Alma tua. Lá vai ela.

Me pediram um texto alegre

Pediram-me um texto alegre, meus olhos tristes puderam sorrir. Vi que meus lábios mudando sua posição também reagiram. Achei engraçado. Sem perceber, vi que de fato só havia escrito sobre coisas tristes. Como puderam ver e eu não?!  Fiz uma releitura de tudo, vi uma Luiza sem cor, sem vida, triste.
Mas essa era de fato a Luiza que existia em mim. Não poderia mascará-la, embora mascarados todos nós sejamos. Somos feitos de partes, cada parte desigual e irregular em sua própria existência, cada qual com seu adorno particular e intransferível.
“sorri e vai mentindo a tua dor, que ao notar que tu sorris todo mundo irá supor que és feliz” Estaria Chaplin certo?
Lembram da minha roseirinha assassinada pelas formigas? Algo me dizia que eu não poderia realizar seu funeral... Fiquei ali contemplando seu corpo já ressequido e abatido pela sua natural mortalidade e decidi: tentarei mais uma vez.
Troquei seu jarrinho, reforcei sua terra, eliminei os espinhos, as pedras, as folhas. Deixei só o seu tronquinho... Fininho que mal compreendia a voracidade do vento. E não poderia se morto estava.
Posso descrever a noite de ontem como uma noite alegre. Como de costume, fui alimentar minhas plantinhas... Tamanha a minha surpresa ao perceber que a roseira respirava, estava reagindo. Como poderia?
Pensei naquele momento que todos nós, em nosso momento de dor, tristeza, solidão, só precisamos que ALGUÉM NÃO DESISTA DE NÓS. É triste quando alguém desiste de nós. É triste quando desistimos de alguém.
Eu não desisti da minha roseira e ela reagiu. Poderia tê-la jogado fora ou aceito a opinião dos outros quando diziam “Roseiras são assim mesmo. Não duram muito. São muito frágeis.” Às vezes as pessoas não sabem lidar com nossas fragilidades e não sabem como nos ajudar em nossos problemas e por isso desistem de nós. Mas o caminho mais fácil é mais difícil. A porta é mais estreita e ali vários corpos aglomeram-se. O caminho mais difícil, embora doloroso e sofrível nos conduz a vales mais verdejantes.
Por outro lado, nós é que não podemos desistir de nós mesmos. Esvaziar-nos de nós mesmos. Exilar-mo-nos de nós mesmos.
Não sou totalmente triste, tenho meus fantasmas. Nem sempre me deixam. Mas quando tiram folga (ninguém é de ferro, nem mesmo os fantasmas, rss) eu posso sorrir. Posso admirar o belo onde só existe feiúra. Posso tocar o bem onde só existe o mal. Posso doar-me mesmo achando-me vazia e alegrar-me ao perceber que de minhas pedras saíram leite e então pude alimentar alguém.
Posso rir das bobagens dos meus amigos e até das minhas próprias. Posso divertir-me com minhas máscaras. Uso as mais coloridas, as mais extravagantes e elas vão me contando suas estórias de quando estavam sós e eu sorrio à custa de suas desvantagens de se submeterem-se às minhas vontades, embora acreditem terem vida própria. Eu as criei. Difícil admitir isso. Mas nós as criamos. Ninguém mais. É nosso céu e inferno. É nossa cura e nossa doença. É nosso bem e nosso mal.
E, poder SER QUEM SOU e ACEITAR-ME COMO SOU me conduz a uma LIBERDADE que me torna feliz. Parece contraditório, mas a vida é contraditória. É o que somos. Essa é Luiza. Simplesmente Luiza.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Tocando em frente (Almir Sater)

Ando devagar
Porque já tive pressa
E levo esse sorriso
Porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte,
Mais feliz, quem sabe
Eu só levo a certeza
De que muito pouco sei,
Ou nada sei
Conhecer as manhas
E as manhãs
O sabor das massas
E das maçãs
É preciso amor
Pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir
Penso que cumprir a vida
Seja simplesmente
Compreender a marcha
E ir tocando em frente
Como um velho boiadeiro
Levando a boiada
Eu vou tocando os dias
Pela longa estrada, eu vou
Estrada eu sou
Conhecer as manhas
E as manhãs
O sabor das massas
E das maçãs
É preciso amor
Pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir
Todo mundo ama um dia,
Todo mundo chora
Um dia a gente chega
E no outro vai embora
Cada um de nós compõe a sua historia
Cada ser em si
Carrega o dom de ser capaz
De ser feliz
Conhecer as manhas
E as manhãs
O sabor das massas
E das maçãs
É preciso amor
Pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir
Ando devagar
Porque já tive pressa
E levo esse sorriso
Porque já chorei demais
Cada um de nós compõe a sua historia
Cada ser em si
Carrega o dom de ser capaz
De ser feliz

O tempo

Quando o tempo dobra em triste e fardo toque
Vejo escoarem-se em dias as noites horrendas
Tento dele vingar-me usando o que lhe assole
Sinto fadarem-se minhas dobras e brancas têmporas

Vejo o tronco antigo sem folha
Que ao rebanho estendia em sombra franca
Sobre minha beleza então questiono sua ira

Hei de sofrer no tempo em duras provas

As velhas graças do mundo em abandono
Vendo nascer as graças novas
Estendendo-se a mim então as questiono

A foice contra o tempo é vão combate
Salvo a memória que o enfrenta quando não te abate

A nossa alma

A nossa alma desejamos que cresça
Que a rosa da beleza nunca morra
Que triste! O fim do maduro é sempre que apodreça
Só o doce amor evita que isto ocorra

Ela, que somente aos seus olhares atenta
A si alimenta com seu próprio ser
Não enxergando que, passando fome, a abundância assenta
A mim hostil sendo sem saber

Ao mundo é um belo e mero ornamento
A primavera lhe suborna como a um mensageiro
Encerra em botão de flor o seu contentamento
Todavia, reina noutra e nesta vida sendo não tão breve passageiro

Meu amor

Os meus medos nem mesmo minha alma é capaz de prever
Meus sonhos tomaram-no emprestado
Ao meu amor poderia eu marcar limites espaciais ou simplesmente circunscrever?
Ou mesmo dar-lhe como certeiro e triste fardo?

A incerteza agora se firmou

Poderia os agourentos de mim sorrir?
E esta tal paz proclamada, há de vir?
O orvalho vem refrescando o tempo
Poderia eu dizer que aí está meu monumento?
Não! O bronze que me destes vai com o vento

Meu amor, a própria morte prende
Enquanto vagando a vida ofende

Meus versos

Na era futura quem crerá em meus versos?
Serão eles assim tão cheios da mais alta singularidade?
Sendo eles assim tão repletos de alma impura
Se de mim mostra apenas uma simples metade

Se tivesse o poder de te pintar e tornar-te brilhante
Tais tons jamais alcançariam o tom de tua verdadeira face
Se pusesse em números numerar tuas qualidades
A era futura questionaria: é verdade?

Duvidando, meus papeis amarelariam
Seriam tratados como a um velho caduco
Diriam: tais versos são de um maluco!
Mas se ainda assim, tu ou os teus os vissem
Eu viveria duas vezes... Sendo eu caduco ou maluco
Ainda assim viveria... E os tomaria para ti numa canção

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

O riso

É natural que não consideremos o riso uma coisa séria. Ele próprio se encarrega de ridicularizar-se.

O grave cavalheiro que de repente abre as mandíbulas, atira para trás o crânio, lança as mãos à barriga e solta uma cascata de vogais estrídulas...

A solene madame que de súbito estende o bico de orelha a orelha, mostra duas fileiras de favas brancas e se põe a cacarejar...

Mas, ai de nós se nos faltasse o riso!
Nem queremos pensar.
Que funeral seria a vida!

Saúdo a bipolaridade

Podem me chamar de louca, mas a bipolaridade tem suas vantagens. Imagine ser apenas um? Ser previsível?
Não falo do transtorno, pois trata-se de uma doença. Mas falo da nossa bipolaridade natural, intrínseca ao homem.  Amo meus dois pólos opostos. Minhas extremidades diametralmente distintas... Minhas duas partes de mim mesma que, mesmo não sendo uma, são principais em mim.
Podem falar que encerro em mim elementos opostos e contraditórios! Poderia eu apenas ser feliz? Ou apenas ser triste?
Transito em meus dois mundos e, uma vez neles, mergulho e me deleito intensamente. Vivo meus momentos com intensidade, cada um deles, não importa se feliz ou triste. Finalizo meus ciclos, não deixo pendências, arrependimentos.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Uma visita

Ontem cheguei em casa, estava tudo escuro. Como de costume, enquanto abria a porta olhei para o meu pé de “buchinho”, cada dia mais verde e vivo, me retribuía pela água que gentilmente lhe oferecia todas as noites. Acendi a luz da sala, entrei. Senti aquele cheiro novamente: solidão. Procurei não pensar nela. Naquela hora falei “por hoje não”.
Subi as escadas, tudo estava exatamente como eu deixei na manhã daquele dia. Nada fora do lugar. Nenhuma desordem, exceto dentro de mim.
Não acendi mais nenhuma luz. Fui até a varanda, a lua estava linda! Reinava no céu, mas não estava só, tinha as estrelas por companhia. Meu pé de “chuva de prata” já havia dispensado todas as flores que o enchia de um lilás lindo, já era passado o seu tempo. Agora se tornara apenas verde, como antes. Juntei as florzinhas que estavam caídas ao chão e coloquei-as dentro do vaso, para que pudessem reviver e alimentar aquela plantinha servindo-lhe de húmus.
Minha pequena e frágil roseira, embora tentasse fazê-la reagir às agressões das formigas, não tive sucesso. Seu frágil galhinho verde deu lugar a um marrom triste. Não havia mais folhas, as formigas comeram tudo. Falhei com ela.
Sentei-me no chão e fiquei ali revezando meu olhar entre o céu e as plantas. Vi escorrem lágrimas que eu não podia conter. Elas esperavam todos os dias por mim, ali, enfeitando minha varanda e não pediam nada em troca. Apenas que lhes desse um pouco de água. E a única água que pude oferecer-lhes ontem eram as minhas lágrimas.
Procurei silenciar o coração a fim de que este silêncio trouxesse a presença de meu amigo. Tão rapidamente ele veio, sentou-se ao meu lado. Ficou quieto. Respeitou meu silêncio interrompido apenas pelo som quase imperceptível de meus soluços.
Interrompi o meu silêncio tentando colocar para fora a frase “bom que você veio”. A frase saiu estremecida, mas ele ouviu. Pus a mão em minha garganta, parecia que dali queriam sair edifícios inteiros, chegava a doer. Apertei os olhos e procurei me acalmar tentando manter ritmada a minha respiração. Ele apenas me observava. Ficamos ali por quase duas horas. Senti que ali estava não só o próprio Deus, mas meu amigo, meu consolo, meu abrigo, minha calma, minha paz, meu refúgio, meu lindo e doce companheiro.
Ali, com sua presença, meu sepulcro tornara-se sacrário. Falamos de coisas simples, de lutas vencidas, de dores suportadas. E ali estava eu, prostrada diante de algo que eu mesma não consigo descrever com exatidão. E ele me consolava apenas ao olhar-me. Pois ele sim sabia. Falei para ele dos monstros que há anos me assombraram e que hoje voltou, ele apenas ouviu.
Ele é assim. Não é de falar. Apenas vai onde é chamado. Senta-se e ouve. Nada diz. Mas seu silêncio atravessa a fronteira da razão e dos sentidos. E depois vai embora, como se tivesse dito mil palavras, deixando em seu lugar o calor de seu abraço que duraria até o próximo encontro.
Sabia que naquela noite, minha alma permitiria que meu corpo descansasse em paz.

Bula na Bula: TUDO É DOR E TODA DOR VEM DO DESEJO DE NÃO SENTIRM...

Bula na Bula: TUDO É DOR E TODA DOR VEM DO DESEJO DE NÃO SENTIRM...: "Faz tanto calor aqui que sinto minhas idéias sufocando na minha cabeça! Estou com muita dificuldade para escrever e escrevo melhor quando es..."

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Indizivelmente só

Indizivelmente só

Hoje acordei assim... procurei lembrar-me de quanto tempo fazia que não me sentia assim. Busquei um pouco mais lá no fundo da memória... não fazia tanto tempo: Foi ontem.

Eu estava indizivelmente só

Isso me faz questionar se sirvo de minha própria companhia, se as vezes minha alma parece querer correr para longe de mim, para que meu espírito não a perturbe com as imagens que passam e repassam.

Minha alma também resolveu brigar com meu coração. Cansou-se de olhar rostos distorcidos e sentimentos vãos, desprezados e desprezáveis.

Brigou também com meu corpo. Não o quer mais. Quis apartar-se do meu corpo urgentemente. Diz não suportar mais que desejem coisas opostas. Um quer norte, outro quer sul. Não conseguem mais viver e conviver.

Indizivelmente só...

A alma quer partir...

Quer deixar o espiríto...

Quer abandonar o coração...

Quer ver-se longe do corpo...

E eu? o que restará de mim? Mas já não resta tanta coisa! Poderei eu viver ainda mais vazia que este perfeito vazio? O pouco que tinha, um vulto encarregou de levar. Desgostoso com a miséria de mim que levava em suas mãos, voltou, e levou também o meu nada, era a única coisa que me sobrara.

Agora ficou escuro. Os ouvidos já ensurdeceram. Os movimentos cessaram.

Estou indizivelmente só

sábado, 20 de novembro de 2010

Descontrole

O texto abaixo é um presente do TIO MAIS LINDO DO MUNDO. TE AMO.

Naquele dia de sol, Mário chegou feliz e estacionou o reluzente caminhão em frente à porta de sua casa. Após 20 anos de muita economia e intenso trabalho, sacrificando dias de repouso e lazer, ele conseguiu.

Comprou um caminhão. Orgulhoso, entrou em casa e chamou a esposa para ver a sua aquisição. A partir de agora, seria seu próprio patrão.

Ao chegar próximo do caminhão, uma cena o deixou descontrolado. Seu filho de apenas 6 anos estava martelando alegremente a lataria do caminhão.

Irritado e aos berros, ele investiu contra o filho.

Tomou o martelo das mãos dele e, totalmente fora de controle, martelou as mãozinhas do garoto.

Sem entender o que estava acontecendo, o menino se pôs a chorar de dor, enquanto a mãe interferiu e retirou o pequeno da cena.

Na seqüência, ela trouxe o marido de volta à realidade e juntos levaram o filho ao hospital, para fazer curativos.

O que imaginavam, no entanto, fosse simples, descobriram ser muito grave. As marteladas nas frágeis mãozinhas tinham feito tal estrago que o garoto foi encaminhado para cirurgia imediata.

Passadas várias horas, o cirurgião veio ao encontro dos pais e lhes informou que as dilacerações tinham sido de grande extensão e os dedinhos tiveram que ser amputados.

De resto, falou o médico, a criança era forte e tinha resistido bem ao ato cirúrgico. Os pais poderiam aguarda-lo no quarto para onde logo mais seria conduzido.

Com um aperto no coração, os pais esperaram que a criança despertasse. Quando, finalmente, abriu os olhos e viu o pai o menino abriu um sorriso e falou:

"Papai, me desculpe, eu só queria consertar o seu caminhão, como você me ensinou outro dia. Não fique bravo comigo."

O pai, com lágrimas a escorrer pela face, em desconsolo, se aproximou mais e lhe disse que não tinha importância o que ele havia feito.

Mesmo porque, a lataria do caminhão nem tinha sido estragada.

O menino insistiu: "quer dizer que não está mais bravo comigo?"

"Não, mesmo", falou o pai.

"Então", perguntou o garoto, "se estou perdoado, quando é que meus dedinhos vão nascer de novo?"

***

Toda vez que perdemos a calma, perdemos também a lucidez e o bom senso. Nesses momentos, podemos cometer muitas tolices.

E quando investimos contra as criaturas que amamos, podemos machuca-las muito. Podemos feri-las com palavras e com atos.

E, em se tratando de crianças, que são frágeis e ficam indefesas frente ao descontrole dos adultos, tudo assume maior gravidade.

Jamais nos permitamos a ira, que é sempre má companhia. Domemos as nossas más tendências e nossos impulsos agressivos, recordando que nada na vida é mais precioso do que as pessoas.

As coisas que possamos adquirir nos servirão por algum tempo, mas, somente os nossos amores estarão conosco sempre, não importando o local ou as condições que venhamos a nos encontrar.

Preservemos a calma e ofertemos para aqueles que são os sóis das nossas vidas somente o carinho, a ternura e as doces manifestações do amor.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Ser quem é!

Para uma amiga e irmã

Não é a janela que está embaçada, sou eu. E me enganei e iludi quando inultimente tentava limpá-la. Quanto tempo perdi? Quanto de mim se foi enquanto a esfregava? Quanto de mim restou quando percebi que era eu a embaçada?
 

Enquanto me digladiava com uma tal lágrima que teimava em rolar, baixei os olhos e vi meus pés apodrecidos. Carne e sangue agora eram uma só coisa.

Quando levantei, vi, do outro lado, outra janela. Limpa, clara. Pude ver um olho que me via. Eram olhos tristes, pois vira as feridas em meus pés, vira a luta entre mim e a teimosa lágrima. Todavia, havia um sorriso nos lábios. Não um sorriso escadoloso, mas um sorriso calmo, terno, daqueles que só vimos na face dos que amam, dos que entendem o silencio das almas.

Era o teu. Tentei te acenar, não consegui! Olhei minhas mãos, estavam como os pés, parecia uma só coisa apodrecendo e esvaindo-se em sua misera matéria. Olhei-te novamente derrotada por não poder te acenar. Mas meus braços imaginários já abraçava o teu coração, coração de irmã. E ali, distantes, nos confraternizamos. Tua janela. minha janela. um abraço.


Meu coração pode sorrir quando me disse que deixavas de ser metade de UM. Mas deu gargalhadas de alegria quando você disse:


"Gostaria de ter por mais um tempo. É só um pedido de amiga fuleira que sou.  Seja minha amiga, pois tenho estado tão só. Seja três em minha vida, graças a Deus tenho somado, pois saí da minha miserabilidade decimal, busquei ser um comigo, sou dois hoje com Adri, seja o três na minha vida nesta ou em outra."

Sabemos do que estamos falando e não vou partir. É esta a minha luta e que você tomou também por sua. Tu e teu marido estão no meu coração.


quinta-feira, 18 de novembro de 2010

O choro

A vida começa e termina com lágrimas. Já percebeu?

O gênero predileto da bíblia é a poesia, com suas figuras de linguagem e imagem textualizados sobre a vida concreta para situações concretas. Narrativa de pessoas – homens e mulheres – que choraram diante de certas situações da vida.

Vejo o choro como um destes verbos que acompanham o homem. Sabiamente Eclesiastes registrara que há  "tempo de chorar e tempo de rir, tempo de prantear e tempo de dançar" (Eclesiastes 3.4). Jesus proferiu suas bênçãos no Monte e nelas incluiu os que choram. E, a estes Ele oferece o seu consolo. Sua promessa é clara: os que choram serão consolados.

Choro quando admito que sou impotente para controlar minha tendência de fazer as coisas erradas e que a minha vida está fora de controle."Admito ser impotente diante de meus vícios e comportamentos compulsivos e que minha vida se tornou ingovernável, mas aceito a verdade que Deus pode transformar minha vida".

Os verdadeiros bem-aventurados da humanidade são os que chorando cumprem sua missão nunca esperando pelos aplausos de platéias, mas desaparecem por detrás dos bastidores do esquecimento ao mesmo tempo em que terminaram a sua tarefa. São igualmente indiferentes a vivas como as vaias, a aplausos como a apupos, a louvores como a vitupérios, porque eles vivem no mundo da silenciosa e profunda verticalidade invisível, incompreendidos pelos habitantes da ruidosa horizontalidade visível.

“Bem-aventurados os que choram — porque eles serão consolados.”

NELE, que consola os tristes e diz não chores, enquanto devolve a vida. A bem-aventurança do choro reside no fato de que ele nasce nos olhos que se sabem impotentes para superar problemas muito pesados. Você chora porque não consegue superar suas dificuldades.

Eu choro porque sinto-me fraca e infiltrada no submundo da hipocrisia, de falsos profetas, de amores vãs, de amizades corrompidas. Mas choro também porque experimento a misericórdia de Deus dia a dia e, como um recém nascido, entôo a música da vida, que se renova em mim a cada declaração de amor deste Deus Imenso. Não sou merecedora, mas ele se inclina até mim. Quem sou eu? Tão pequena, porém  tão amada. O choro não envergonha-me, apenas me diminui para caber toda e inteiramente em suas mãos.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Eis a Chance (Celina Borges)

Uma amiga muito querida e que hoje está muito distante fisicamente (na Argentina), cantou essa música para mim ao telefone. Queria compartilhá-la com vocês. É muito linda e as frases que seguem destacadas são significativas e nos faz pensar no que de fato tem valor me nossas vidas. Perdemos tempo demais.


Será que precisamos perder pessoas, coisas, gente que se ama e tudo mais.


Pessoas vão e voltam mas não se perde aquilo que nunca se teve... E nem há tempo ou distância pra nos separar de quem está presente e vivo em nós, dentro em nós.


Eis a chance, por esta história Deus te faz buscar o céu
Se levante, olhe pra cima Deus se inclina até você.

sábado, 13 de novembro de 2010

Bichinho danado II


... quero vive-lo em cada vão momento (...)


... E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor que tive (...)

Quando eu morrer não chores mais por mim

Quando eu morrer não chores mais por mim
Do que hás de ouvir triste sino a dobrar
Dizendo ao mundo que eu fugi enfim
Do mundo vil pra com os vermes morar.
E nem relembres, se estes versos leres,
A mão que os escreveu, pois te amo tanto
Que prefiro ver de mim te esqueceres
Do que o lembrar-me te levar ao pranto.
Se leres estas linhas, eu proclamo,
Quando eu, talvez, ao pó tenha voltado,
Nem tentes relembrar como me chamo:
Que fique o amor, como a vida, acabado.
Para que o sábio, olhando a tua dor,
Do amor não ria, depois que eu me for.

Hora Triste

Quando a hora dobra em triste e tardo toque
E em noite horrenda vejo escoar-se o dia,
Quando vejo esvair-se a violeta, ou que
A prata a preta têmpora assedia;
Quando vejo sem folha o tronco antigo
Que ao rebanho estendia sombra franca
E em feixe atado agora o verde trigo
Seguir o carro, a barba hirsuta e branca;
Sobre tua beleza então questiono
Que há de sofrer do Tempo a dura prova,
Pois as graças do mundo em abandono
Morrem ao ver nascendo a graça nova.
Contra a foice do Tempo é vão combate,
Salvo a prole, que o enfrenta se te abate

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Saudade (Pablo Neruda)

Pablo Neruda é considerado um dos maiores poeta latino-americano. Simplesmente SOU FÃ. Este é um dos seus poemas que mais gosto. Quem tiver a oportunidade de ler, indico também Confesso que vivi, Uma canção desesperada, Tentativa do homem Infinito (brilhante) e Odes elementares.

Aí vai...


Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já...

Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida...

Saudade é sentir que existe o que não existe mais...

Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...

Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.

E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.

O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido.

Timidez (Pablo Neruda)

“A timidez é uma condição estranha da alma, uma categoria e uma dimensão que se abre para a solidão. Também é um sofrimento inseparável, como se a gente tivesse duas epidermes e a segunda pele interior se irritasse e se contraísse diante da vida. Entre as estruturações do homem, esta qualidade ou este defeito são parte do amálgama que vai fundamentando, numa longa circunstância, a perpetuidade do ser.”

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Meu Jardim (Vander Lee)

Tô relendo minha lida, minha alma, meus amores                            
Tô revendo minha vida, minha luta, meus valores                             
Refazendo minhas forças, minhas fontes, meus favores     
Tô regando minhas folhas, minhas faces, minhas flores

Tô limpando minha casa, minha cama, meu quartinho                               
Tô soprando minha brasa, minha brisa, meu anjinho
Tô bebendo minhas culpas, meu veneno, meu vinho     
Escrevendo minhas cartas, meu começo, meu caminho                              

Estou podando meu jardim
Estou cuidando bem de mim

Fragmentos da memória

Refugiado no meu quarto, próximo da janela que o ilumina e estabelece a fronteira entre o real e o ilusório, espreito o mundo lá fora…
Navego, entre os fragmentos da memória… recordados num espaço, onde o silêncio é interrompido pelo som da musica, onde a realidade cede o lugar ao universo da imaginação instantânea...

Morrer... Viver...

Sem temer o que outrora temi… Abraçar a morte no seu tempo… Porque Viver é também morrer, Morrerei com a mesma vontade que vivo, Para com a morte sentir que Vivi...

Helder Ribau



Passado. Meu tempo

Cedo ao tempo… um tempo ultrapassado… E lá atrás… longe… na terra do acontecimento… (re)encontro o ultimo instante… onde o tempo correu e parou… onde o frio… não foi o suficiente para arrepiar, o calor que transportávamos na alma… O silêncio regressou… preenche o vazio.

Agora… longe desse tempo… estou Só… na imensa companhia da solidão… liberto a ultima lágrima… no mar da Saudade… (re)começo a sentir… ao longe… o som do piano… naquela noite fria… naquela rua deserta… onde habitamos… a Vida… dos nossos sonhos… que afinal o tempo nunca viveu… projectou somente… sob a luz da lua… um olhar… sobre a imagem da felicidade…

Nada é por acaso

“Nada é por acaso”. O que as pessoas querem dizer com isso? O que de fato isto significa? Que peso essa frase tem para alguém que espera simplesmente um SIM, ou mesmo um NÃO?
Talvez a usemos quando de fato não sabemos o que queremos, ou quando não entendemos a razão de certos acontecimentos em nossa vida. Uma doença, um emprego novo, uma nova amizade, um novo amor... PERDAS OU GANHOS.
A incerteza do que está de fato por trás desta frase algumas vezes nos faz ter atitudes impensadas, tomar decisões precipitadas... Ou pior, adiar decisões importantes.
Na realidade, tudo o que envolve sentimento é envolto de incertezas, dúvidas, questionamentos. Não há fórmula, não há receita, não há métodos. É simplesmente VIVER.
Mergulhar? Cair de cabeça? Retroceder?
Quem sabe responder? Quem sabe decifrar o universo inconstante e indecifrável da alma humana? Einstein dizia que a imaginação é mais poderosa que o conhecimento.
A incerteza é a chave que abre a grade que aprisiona a imaginação. Uma alma inquieta dá vazão à imaginação e esta por sua vez a conduz por caminhos que aguçam nossos piores medos.
Aquieta-te alma minha! Não vês que a vida é um ciclo e como ciclo, hora a hora te renovas? Não vês que o grande sabor da vida são estas idas e vindas a que meu ser inquieto de condiciona? Vives, apenas vives. E segue confiante o caminho que a ti destina. Não te rebatas! Podes te afogar. Procura emergir de tuas próprias correntezas e te deixa levar.
Deixa passar o que passa. Deixa vir o que bate à porta.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Amor Eterno


Como traduzir? Amor eterno. Parte de mim, DE QUEM eu sou, DO QUE eu sou. Amo muito... minha irmã rebelde.


quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Meu pequeno Girassol


Segundo mitos e crendices populares o girassol é uma flor que representa fama, sucesso, sorte e felicidade.
Em 20/11/2004 surgiu na minha vida um girassol. Uma amizade verdadeira, forte ao ponto de superar crises, distância, silêncio, recusa e até mesmo solidão. O girassol veio até mim num momento que eu não tinha nada a dar. Dizem que quando mais precisamos de ajuda, Deus nos mostra alguém que precisa ainda mais que nós. E assim foi. Pude experimentar o poder e amor de Deus naquele pequeno e maltratado girassol. Tantas dores... Lembra?
Sei que você está lendo, e deve estar passando neste momento um filme na tua cabeça. Espero que não te traga dores, só alegria de olhar para trás e ver que Deus cumpriu a promessa que fez naquele dia e me fez de testemunha.
Já observou que girassol não sobrevive sozinho? Há sempre outros milhares lhe acompanhando. Já observou também que ele não sobrevive sem o sol? Pois bem. Você provou que é possível. Suportou tudo e agora... Bom, agora eis que o girassol cumpre seu papel na natureza e nas nossas vidas.
Meu pequeno girassol, das poucas, porém valiosas amizades que acumulo como verdadeiros tesouros, me alegro que estejas dentre elas. Daqui a 16 dias nossa amizade fará 06 anos e me sinto feliz de te ter presente em minha vida e nossos melhores encontros são nas nossas orações. Há melhor encontro que este? Não há.
Saiba que se cair uma pétala tua mesmo eu não estando perto fisicamente, meu joelho se dobrará em oração por você. Sempre.
Obrigada pelas palavras de hoje... Puderam me dar força para não olhar para trás e não vacilar.
Ahhhh, lembra o bilhetinho num papel cor de rosa? Anda sempre comigo. Sempre.
Te amo sempre.

Palavra é dom. Silêncio é sabedoria.


"Quero estar ao teu lado na cruz sofrendo as dores de Jesus e dizer que na loucura da cruz vou seguir." (VIrgem do Silêncio - Toca de Assis)

Como é difícil silenciar. Nosso instinto é mais forte, mais voraz, é incapaz de por si só ceder lugar ao silêncio, à capacidade de "ouvir", apenas "ouvir".

Muitas vezes, proferimos palavras que, embora tenhamos certeza que vai ferir alguém, mesmo assim seguimos adiante nos embasamos e arriscamos na desculpa de "prefiro ferir com a verdade que fazer alegrar com a mentira". Que verdade é essa? A palavra é um dom e como um dom deve ser usada. Todo dom deve ser manifestado com muita sabedoria, pois assim sendo, um dom, ele tem o poder de tocar vidas, pessoas. Você não vê, mas tudo que tocas fica lá a tua marca, a tua impressão digital. Tendo este poder, imagine o efeito negativo!

E quantas vezes já não nos arrependemos? E mesmo perdoados, não pudemos evitar o seu efeito, o seu estrago. NÃO SOUBEMOS USAR O NOSSO DOM.

O silêncio é frutífero também no sofrimento. As vezes o barulho dentro do nosso coração faz o sofrimento aumentar ou ao menos parecer maior do que verdadeiramente é. O barulho por vezes nos cega, nos ensurdece, nos deixa sem tato.

No início deste texto mencionei um trecho de uma música da comunidade Toca de Assis. Vocês já devem ter se perguntado: "o que aquele trecho tem a ver com o que lí até agora?"

Imagine uma mãe vendo seu filho ser arrastado por quilometros, chicoteado, açoitado, humilhado e ela sofrendo no seu santo silêncio. A frase "e dizer que na loucura da cruz vou seguir" quer dizer SIM! Vou silenciar diante da dor, do sofrimento, pois creio que Deus age no silêncio e só assim posso ouvi-lo. Não preciso me justificar aos que me acusam, aos que apontam meus erros, aos que me julgam. Ele me justifica no seu amor.

Ela sabia que apesar daquele sofrimento todo havia um plano maior e a ela cabia apenas seguir, confiante e forte àquela loucura, a loucura da cruz, pelo menos aos nossos olhos, olhos humanos. Lembremos que ela era humana como nós, não havia nela, ainda, nenhum poder supremo, nenhum dom sobrenatural ou divino senão o de ter sido a escolhida e ter dado a luz à Jesus.

ELA ERA HUMANA. O que quero dizer é que muitas vezes achamos humanamente impiossível suportar determinadas coisas. Calar diante de certas injustiças. Aceitar simplemente a vontade de Deus principalmente quando ela nos descontenta. MAS É POSSÍVEL. Ela nos provou isso. Quando permitimos a Deus que tome conta de nossas vidas, Ele toma. Se silenciamos em alguns momentos de nossas vidas, permitimos assim que Ele esteja em nosso meio, nas nossas enfermidades, aflições, misérias. Permitimos assim que a sabedoria e o dom da palavra venha no momento correto, da forma correta e assim seja instrumento de crescimento para o próximo e para nós mesmos.

Desabafo com vocês que, todas estas palavras digo-as primeiramente a mim. Digo a mim mesma que preciso desse crescimento. Que preciso silenciar. Nada do que posto aqui neste blog é teoria de alguém que tem a fórmula perfeita para tudo. Ao contrário. São declarações de alguém que ainda tenta, dia após dia, acertar. E errando vou.... Vou tentando caminhar mesmo que esteja de joelhos, mas com a certeza de que "no céu há um Deus que me ama".