quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Os limites, a moral e a psicologia

Dois irmãos adolescentes, cidade pequena. A mãe morreu de câncer. Pai viúvo quer casar de novo. Herança da família em questão. Briga. Desentendimento. Caos. Partilha de bens, separação familiar. Casamento. Nova vida.
Irmãos: um pra lá outro pra cá.
O mais novo empreende o que ganhou. Estuda. Dá certo. Encontra um amor.
O mais velho bebe, vai a festas, gasta quase tudo o que tem. Amigos se aproveitam. Perde tudo.
O pai agora casado, não se desprende do passado e não se enxerga feliz no casamento.
Encontram-se, brigam. Mais dinheiro. Os irmãos agridem-se fisicamente. Uma garrafa estava perto demais. O mais novo é gravemente ferido. Os curiosos acham que é caso de polícia. A polícia acha que coisa de família, o pai acha que é coisa pra psicólogo, os repórteres acham que é assunto de todos.
Segunda-feira o jornal estampa: “Irmão tenta matar o outro porque queria dinheiro pra comprar drogas”
Quem falou em drogas? Ninguém. É que assim dá mais impacto, vende mais.
A psicóloga acha que pode ter sido o trauma causado pela família desfeita. Acredita também que os pais deveriam ter imposto mais limites. Os vizinhos comentam que eles deveriam ser mais severos. Onde já se viu, dar um carro só porque completou 18 anos?
No jantar de muitas famílias a notícia do jornal é o assunto principal. Do outro lado da cidade, outros pais preocupados com o que leram alertam os filhos quanto às drogas, más companhias, os perigos do mau uso da liberdade e confiança que lhes dera. Em outro lugar, uma mãe solteira que trabalha 15 horas por dia lê a notícia e se preocupa com o filho de 13 anos que está em casa sozinho. Fala com a patroa sobre ele ser muito introvertido e algumas vezes disperso e agressivo (vêm sendo vítima de bullying na escola pública onde estuda e não conta a ninguém por medo e vergonha). Ela por sua vez a orienta a levá-lo a um psicólogo. Diz “pode ser drogas”. A mãe apavorada porque não tem dinheiro para pagar um médico, acende uma vela para Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e pede proteção. Noutro lugar, uma garota de 10 anos - que não lera o jornal - agride a irmã de 12 anos porque não a deixou usar sua bolsa preferida. A irmã cai machucada e inconsciente, sobre o próprio sangue que agora tinge de vermelho o jornal que acabara de ler.
O pai do início da história pede divórcio, perde muito dinheiro e bens com a partilha. O irmão ferido, agora fora de perigo, perdoa o irmão mais velho e o convence a trabalhar com ele, largar a boa vida. Aproveita e o convida para ser padrinho do filho que espera com sua namorada. Ele, arrependido e feliz com a notícia aceita. Os três homens, agora juntos, recomeçam suas vidas com o que restou da família. Após o jantar, sentam-se frente à lareira e olham logo acima a foto da mãe – que se fora vítima do câncer – e ali prometem sempre ficarem juntos, aconteça o que acontecer.

domingo, 25 de setembro de 2011

Eu vejo flores em mim

Não é que eu tenha desistido: não desisto nunca.

Sentei-me no asfalto para descansar um pouco, ainda há muito caminho a percorrer.

Não posso olhar para trás: não é para lá que eu vou!

Se quiser vir comigo, há espaço, há lugar no meu caminhar

Nada de bagagens, só vontade

Nada de expectativas, só coragem

Levo o sorriso esperto, o coração aberto, os braços esticados e alma solta, leve

Devo ir, é primavera! Há cores no caminho indicando direções, são muitas

Mas não devo me decidir

Só ir

E isso já basta

Afinal, eu vejo flores em mim!

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Para você

é verdade
ainda estamos aqui
e nem imaginávamos que chegaríamos tão longe

teu colo ainda é o  meu lugar preferido
e é nas tuas mãos que penso quando imagino-me afagada
e é no teu colo que vejo-me quando quero descansar
e é no teu sorriso que encontro-me quando quero florescer



sim!
ainda temos muita história
muita estrada a percorrer
e sei que de alguma forma estava escrito
em algum lugar
em algum tempo
que te encontraria

e tudo o que eu tinha que fazer
era deixar de procurar

e ainda estamos  aqui
e tudo ainda parece ser a primeira vez

*** aos meus amigos que sigo, perdoem-me a ausência em seus blog´s. Tive problemas na máquina. São mais de 100 blog para comentar e ainda continua lenta... mas conseguirei ler pelo menos as últimas postagens. Bjs, adoro vocês!

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Amor sem rima, sem nexo: só amor

Tenho-te não como mera ideia
Do que deveria ser o amor
Tenho-te verdadeiramente
Mais até do que deveria ter
Não há pensamento meu possas invadir
Pois desde que viesses morar aqui dentro
Nada mais é meu, nada mais quero ter
Pintastes as paredes do meu corpo com os pincéis de tua loucura
Afastastes os móveis do meu querer como bem te apetecias
Limpastes os meus olhos e nada mais restou ali senão tu
E agora?
Que sou eu senão moldura para te adornar?
Que tenho eu senão um abrigo de teus devaneios?
Que quero eu senão afogar-me nos teus desejos até que

Possa eu experimentar do que és feito e assim
Compreender como e por que me tomas
E encerrar-me em ti até que de ti não possa mais sair
Pois nada mais tenho senão o que quero
E nada mais desejaria senão permanecer aqui
Porque assim é que sou feita, constituída
Nascendo e morrendo de amor
Nem tanto da carne, nem tanto da alma
Os dois! Impregnados um do outro
Como se a vida toda fossem um só

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

O dia começou assim!

Deixei a janela aberta e logo percebi que aquelas pequeninas e frágeis criaturinhas voadoras cantarolavam com perfeita afinação enquanto rasgavam o céu com seus voos e acariciavam o vento com suas asas.

O sol despontava finos raios que aos poucos invadiam o quarto escuro e frio dando uma luz inigualável ao lugar. Aquecendo tudo e expandindo um cheiro gostoso e quente de vida ao mesmo tempo em que eles, como uma orquestra, embelezavam o momento como um pano de fundo fino, delicado e vibrante.

Não pude deixar de sentir que os pêlos do meu corpo levantaram-se todos sinalizando um êxtase por tamanha beleza, embora o calor frio do sol da manhã que se dispunha já tomava todo o ambiente.

Fiquei ali por um tempo e admirei aquela claridade invadindo aos poucos e subindo meu corpo como um viajante percorrendo seu desconhecido caminho. Lentamente ia-se subindo, explorando e aquecendo cada parte de mim como se eu tivesse realmente sendo tocada, poderia sentir o tato da vida me redescobrindo e explorando meus sinais, minhas cicatrizes com se fossem algo especial dada a tamanha delicadeza com que eram tocadas.

Finalmente pude sentir aqueles raios tocando meu rosto gerando em mim uma satisfação inexplicável. Sentia o cheiro embora não houvesse, mas o senti assim mesmo.

Entreabri minha boca e deixei-a iluminar como uma pequena caverna permitindo que a luz entre e aqueça a frieza que existira. Senti um leve rolar húmido de água e sal pelo meu rosto, mas mantive os olhos fechados um pouco mais... Era como se a vida entrasse em mim a partir dali.

Naquele momento em que Deus me tocou atravez de sua criação pude entender que embora existam algumas dificuldades, umas mais duradouras e intensas que as outras, nada sobreporá o seu amor que é d i a r i a m e n t e  manifestado através de pequenas coisas. Me senti feliz por me permitir parar por 10 minutos e ouvir "eu te amo" de uma forma tão intensa que mudara todo o meu dia e a forma como agiria a partir dessa experiência.

Um pequeno momento de pura vida, de puro amor, de pura conexão com o criador... E tudo o que eu tive que fazer foi: abrir a janela, deitar-me à sua frente, fechar os meus olhos e sair do controle só um pouquinho.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Sempre surgem...



Meus olhos enxergam em tons gris.
Você se afasta,
quer  um olhar como de  arco-íris...
...aceite-me!

Meu voar colori, pois tenho asas coloridas
Elas surgem quando me permito amar
e é sempre...

Acredite.
Elas sempre surgem...

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Altar Particular



Encontrei num canto qualquer do meu quarto úmido e escuro um velho baú. O abri e verifiquei coisas que há muito não lembrava. Alguns sonhos que nunca se realizaram, resquícios de outros que se consumaram.

Vi cartas delicadamente arrumadas com suas folhas já amareladas (quantas histórias...).
Fotografias de um tempo que já havia se perdido dentro dos anos que ruíram (aqueles rostos...). Recordações que já havia esquecido – uma a uma deterioraram-se dentro de mim.
Aquele cheiro de “velho”, de “guardado”, aquele aroma de “passado” me remeteu aos dias que já não conhecia. Tudo tinha cheiro, textura, cor. Tudo era tão “antigo” e ao remexer naquele velho baú era como se um carrossel se formasse naquela penumbra trazendo aos galopes todas aquelas imagens como se houvessem acontecido ontem e eu entontecendo, fazendo um esforço sobre-humano de fazer voltar o colorido daquelas histórias e viajar no tempo, ou simplesmente trazê-lo de volta.

Não há de voltar.

Não encontrei uma ordem lógica entre os acontecimentos registrados naquelas lembranças materiais (ou imateriais). Cada coisa que eu mexia trazia outra agarrada como uma traça esfomeada agarra-se ao seu alimento. O que eu faria com aquilo? Olhavam-me como se gritassem por socorro e me suplicassem o colo ou mesmo um lugar dentro das memórias mais recentes e as tornasse inesquecíveis.

Suplicavam chorosas!
Fotos, cartas, botões, a velha boneca, aquele chaveiro quebrado, laços que um dia enfeitou-me (não lembro em que ocasião), velhos CD´s com suas caixinhas quebradas, a flor ressequida dentro do livro que li, o caderno de cifras que nunca usei, a paleta do violão que nunca toquei... Tudo jazia vivo e pulsante e sangrando e gritando e suplicando e estendendo os braços e ... Imortal (...)
E, de repente, tudo estava ali, de volta. Vivo! Com cor, formas perfeitamente contornadas e entendi o esforço que minha memória fez (anos após anos) em apagar cada registro. E chorei!

Mas lágrima de contentamento eram. Vi que de fato a potencializamos demais certas coisas que não merecem. E fatalmente, reduzimos as coisas grandiosas. Invertemos valores e sofremos as consequências. Pude alegrar-me com esta nova consciência, com esta nova visão. Prontamente investi em arrumar, pôr em ordem as "coisas" do momento presente, atribuir a elas o real valor. Dar a elas o lugar que lhe são de direito.

Mas aquele baú, aquele velho baú, tinha agora outro sentido. Era meu pequeno, úmido e não esquecido altar particular. E estava enfim, no lugar certo.

domingo, 4 de setembro de 2011

Rhema

A estante já está cheia e empoeirada
Livros de mim aglomeram-se e não ouso relê-los
Não que sejam só histórias tristes, ao contrário
Embora velhos, ainda cheiram bem. Aroma de vida!

Estou prestes a colocar mais um lá
Este talvez não tenha tantos aromas, mas talvez volte a lê-lo
Lembrar-se de onde caiu faz parte da construção de um novo "eu"

Exito um pouco antes de começar um novo
Não me preocupo muito com a capa: dizem que é o principal. Não acho!
Folhas brancas, ponta fina e muita tinta!

Não sei o que vem por ai!
As vezes sinto que devo ter outros personagens... inéditos
E vou imaginando como deveriam ser: Tolice!

Não seria "meu" se não houvessem certos personagens
Aqueles que - bem ou mal - já fazem parte da minha história
E mesmo que já se tenham ido, ou que já estejam na porta, ou que sempre estiveram lá
Ainda assim são parte de nós. Nossa melhor parte!

Uma coisa meu livro novo tem:
Esperança! Gana por superar os maus tempos!
Vontade de me reinventar, superar, surpreender
Vontade de continuar escrevendo

Algumas coisas - como uma parede caiada - não mudarão
Só terão nova roupagem, uma pintura leve e alegre

E o principal eu já tenho: desejo de continuar minha história!
Escrita por mim mesma! Mas sem prever o final - não tenho esse poder
E talvez nem o queira.

Quero mesmo é continuar aqui! Sendo eu! Sendo assim!
Repaginada, renovada, reinventada: mas ainda eu!

O que distingue quem somos é o espírito e alma: estes não são manipuláveis ou ajustáveis
E não pretendo que sejam!

Rhema: Sopro de Vida. Sopro de Deus que produz vida. Uma vida nova e uma nova vida em cada um de nós.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Eis que faço nova todas as coisas

"Eis que faço nova todas as coisas"

Este foi o presente que Deus me deu hoje. E o presente tornou-se ainda mais belo, mais precioso quando vi o carinho de vocês aqui no blog. Fiquei emocionada, tocada e honrada com as visitas, os emails, os apoios. Era Deus gritando para mim "eis que faço novas todas as coisas".

Estou me sentindo melhor, mais alegre, confiante, mais fortalecida. E parte disso agradeço a vocês.

Fiz isso para vocês:

Era eu então como terra infértil que mal reagira às investidas daquele que me cuidava
Você veio com suas lágrimas tão cristalinas e as deixou sobre mim
Tuas lágrimas então não era de sofrimento ou de pesar
Mas de agradecimento pois conseguia ver aquilo que eu não conseguia enxergar
Te abaixastes devarinho, acariciastes as inconformidades da minha alma
Afastases os vermes, as daninhas e mais uma vez me regastes
Percebi então nada me restara a não ser aceitar à semente que me dera
Faze-la germinar no improvável de mim
E antes que o sol aparecesse totalmente, lá estava você: nascendo em mim!
Dar-te-ei um nome: Esperança!


Eis que faço nova todas as coisas!

É simples, mas é com carinho. É para vocês.