quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Que Pais é esse Sr. Mariano?

O Estado de Pernambuco lutou durante anos para reverter a indenização do Sr. Mariano, a bagatela de 2 milhões eram o motivo. O Sr. Mariano passou 19 anos na cadeia pagando por um crime que não cometeu.

Em 1972 foi preso e condenado por homicidio. Foi confundido com um homônimo. Seis anos depois, seu advogado conseguiu libertá-lo e provar sua inocência. Três anos depois, numa blitz, voltou a ser preso pois foi novamente confudido pelo tal Marcos Mariano da Silva que a essa altura já era dado como foragido. Só em 1982 teve sua liberdade garantida, mas perdeu a visão em conflitos no presídio, teve sua saúde fragilizada, não acompanhou o crescimento dos filhos. Mas não desistiu nem por um segundo de conseguir sua cidadania perdida e sua moral restituida.

Ontem, recebeu a notícia que o Supremo garantiu-lhe o pagamento da indenização. Feliz, foi dormir. Não acordou.

Que país é esse? Que gente é essa? Que lei é essa? Onde está a ordem e o progresso?

Haverá um tempo em que cantaremos o hino brasileiro, com a mão no peito tomados de emoção e orgulho?

Haverá um tempo em que o brasão de nosso país não será polido no sangue e no suor dos seus?

Haverá um tempo em que as leis de fato serão seguidas? Em que os menos favorecidos serão amparados pelo governo?

Haverá um tempo em que não ouviremos mais falar de tantos Marianos agredidos, ofendidos, diminuidos, desacreditados?

Haverá um tempo em que não haverão mais famílias desamparadas como as de Sr. Mariano?

Enquanto a família chora, enquanto o estado agoniza o desembolso de 2 milhões... enquanto o Sr. Mariano descansa em paz, o jornal estampa:

"Homem que foi preso por engano morre após saber de indenização

Marcos Mariano da Silva passou 19 anos na cadeia injustamente; ele ficou cego depois de atingido por estilhaços de bomba de gás"

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Interrogatório

Não queremos poesia,
Queremos mágicas, artifícios,
Queremos explosões, meteóricas emoções e sensações
Queremos experimentar o inexperimentável
Procuramos tapar na existência fatais vazios
E apesar de imenso esforço, uma atrofia.
Um músculo sequer move-se nessa vã tentativa de reagir

Mas o que sabem vocês outros da secreta elevação
Dos sagrados e histéricos soluços da garganta a chorar?
Quando, consumidos pelo haxixe da alma em imersão,
Beijamos o primeiro degrau, para além de cujo limiar
Os deuses moram?
Vivem?
Persistem?
Ou simplesmente residem na vastidão de nossa insana ilusão?
Se moram, onde então será sua brigada?
Se vivem, como podemos então vos tocar?
Se persistem, será então que lutam para alimentar nossa crença?
Ou seremos nós, frágeis e ignorantes seres cuja existência só persiste se crermos no que ninguém mais crê?

Ah, outrora pequeninos, de fé imatura e intocável
Podiamos olhar o céu e ver mais que meras nuvens
Podiamos olhar o homem e enxergar mais do que um ser maior que nós

Onde ela está? Quem roubou nossa fé? Quem, de coração impuro a imaculou?
De certo voz alguma poderá nos responder
Mas sim, o espelho por ventura faria a vez dessa voz emudecida
Sem palavra alguma proferir

E nós? Com que cor pintamos nossa cara?
Com que pano tecemos nossas vestes?
Com que metal fizemos nossas armaduras?

Armaduras? Para que mesmo nós a fizemos?

Mais uma partida

Vou aproveitar que hoje é quinta-feira. A quitanda deve estar achei de frutas e legumes novos. Aproveitar a folga e fazer a feira. Vou antes do almoço e aproveitar o resto da tarde livre.

Caminhando em direção ao super-mercado...

- Caramba, esqueci a carteira! Vou voltar para pegá-la.

- Não acredito que fechei os cadeados e deixei as chaves lá dentro. Vou subir pelos telhados. É o único jeito. Chamar um chaveiro para uma bobagem dessas... faço eu mesmo.

Um forte barulho de telhas quebrando. Um outro barulho de um corpo caindo.

- Não acredito que caí de cabeça e estou aqui neste hospital inconsciente, com traumatisto craniano, entre a vida e a morte por ter tomado uma decisão tola! Mas vou sair dessa.

- É, vejo que não adianta lutar. É hora de ir. Pena que a partida seja agora, no auge de meus 31 anos de idade. E o que será da minha mulher e filho? E a minha família?

Silêncio!

É hora de ir.

*****

Deve ter sido assim  quando meu primo Nino se foi no último sábado.

Eu odiava aquel bigode dele. Sempre que o via na rua reclamava! Seus cabelos negros nos ombros davam um charme especial. Magrelo, mas bonito. Lembra muito o meu irmão (que não é tão magrelo). Mas aquele bigode...

Sempre inconsequente, desde criança. Queria fazer tudo sozinho, sempre independente. Certa vez ele me provocou tanto que bati na cabeça dele com a vassoura. Ele caiu durinho no chão e fingiu-se de morto. Fiquei desesperada. Tinha apenas 8 anos e acreditei mesmo que ele estivesse morto. Corri até a casa gritando dizendo que tinha matado Nino. Minha tinha Célia veio em disparada como uma louca. Quando chegamos no quintal, Nino estava sentado no barro rindo feito um doido. Resultado: Levamos uns cascudos e ficamos sem o lanche da tarde, pão doce e baré titti-frutti.

Saudades! Sempre!

Por ela

Amanheceu na sua cidade cinza e teu céu nem mostrava o azul que por certo estava lá

Não percebestes que haviam ainda pássaros, resistentes, sobrevivendo em teus galhos já tão ressequidos

Não notastes que, em teu solo seco e rachado, ainda se desenhavam sois, flores, rostos e amarelinhas

Teus anos, acumulam-se empoeirados e tristonhos e não te desfaz - por um segundo - desta névoa que envolve teu olhar absorto

Mas ainda estamos aqui: Vamos ainda brincar de mudar as cores da tua vida

E não importa o quanto não percebas, não importa o quanto queiras, nunca desistiremos

É verdade: Há amores que são imortais!

Especialmente quando o são regados pelo sangue. Pela carne.

Carne da minha carne. Sangue do meu sangue.

E ainda sorrirei muito por você

E ainda cantaei muito por você

E ainda lutarei muito por você

sábado, 12 de novembro de 2011

Pra não dizer que não lembrei das flores

... Não é que tenha chegado o tempo da maturação, é que as vezes é preciso cair da árvore ainda verde, apodrecer sobre a terra, submeter-se às variações de clima, expor as sementes, fecundar o chão e nascer de novo... E algumas vezes, até esquecer que um dia fizemos parte daquela árvore.

Olá meu povo lindo... andei ausente por mais de 30 dias! Cheia de saudades, cheia de coisas para escrever e nem sem por onde começar.

Mas minha prioridade agora é dizer que não esqueci vocês, que morri de saudade de lê-los. Mas infelizmente fiquei sem internet e não tive de onde acessar. Mas problema resolvidissímo. Ainda hoje passarei no cantinho de vocês para matar as saudades.

Estou bem (obrigada pelos e-mails)!!! Trabalhando muito, amando muito, vivendo muito, focando muita coisa boa. Adorei ver o carinho de vocês lá!

Beijos grandes!