O Estado de Pernambuco lutou durante anos para reverter a indenização do Sr. Mariano, a bagatela de 2 milhões eram o motivo. O Sr. Mariano passou 19 anos na cadeia pagando por um crime que não cometeu.
Em 1972 foi preso e condenado por homicidio. Foi confundido com um homônimo. Seis anos depois, seu advogado conseguiu libertá-lo e provar sua inocência. Três anos depois, numa blitz, voltou a ser preso pois foi novamente confudido pelo tal Marcos Mariano da Silva que a essa altura já era dado como foragido. Só em 1982 teve sua liberdade garantida, mas perdeu a visão em conflitos no presídio, teve sua saúde fragilizada, não acompanhou o crescimento dos filhos. Mas não desistiu nem por um segundo de conseguir sua cidadania perdida e sua moral restituida.
Ontem, recebeu a notícia que o Supremo garantiu-lhe o pagamento da indenização. Feliz, foi dormir. Não acordou.
Que país é esse? Que gente é essa? Que lei é essa? Onde está a ordem e o progresso?
Haverá um tempo em que cantaremos o hino brasileiro, com a mão no peito tomados de emoção e orgulho?
Haverá um tempo em que o brasão de nosso país não será polido no sangue e no suor dos seus?
Haverá um tempo em que as leis de fato serão seguidas? Em que os menos favorecidos serão amparados pelo governo?
Haverá um tempo em que não ouviremos mais falar de tantos Marianos agredidos, ofendidos, diminuidos, desacreditados?
Haverá um tempo em que não haverão mais famílias desamparadas como as de Sr. Mariano?
Enquanto a família chora, enquanto o estado agoniza o desembolso de 2 milhões... enquanto o Sr. Mariano descansa em paz, o jornal estampa: