sábado, 26 de março de 2011

:-)

"Vou persistir, e mesmo nas marcas daquela dor
Do que ficou, vou me lembrar
E realizar o sonho mais lindo que Deus sonhou
Em meu lugar estar na espera de um novo que vai chegar
Vou persistir, continuar a esperar e crer"

segunda-feira, 7 de março de 2011

Coisas do meu coração

Não seria maravilhoso se nosso caminho só houvesse flores? Aquelas estradinhas de barro pisado e maravilhosos pés de Ipê multicoloridos formando um fantástico sombreiro? Com algumas pedras para descansarmos um pouco e ali, enquanto isso, ouvir o som da natureza, do rio correndo sem pressa, do vento cantando...
Não! Nosso caminho algumas vezes mais se assemelha ao do calvário. Não com a intensidade e crueldade vivida por nosso amado Pai. Mas ainda sim calvário. Quantas vezes sentimos a dor tão quente e latejante como se estivessem cravando uma coroa de espinhos em nossa cabeça? Quantas vezes não conseguimos ficar de pé dado o peso enorme sobre nossas costas como se estivéssemos sendo açoitados com chicote de aço? Quantas vezes andamos longos caminhos descalços e vimos pedaços de nossa carne ficando pelo caminho? São todas imagens figuradas e talvez até exageradas. Mas a dor é dor e sua medida depende de quem a sente. Quem há de julgar sua intensidade? Quantos de nós tivemos que amadurecer e “virar adulto”, quando era tempo de ser ainda criança? Quantos de nós vimos em nossas mãos uma pequena vida se formar a qual seria nossa responsabilidade para o resto de nossas vidas e nem sabíamos como fazer isso?
Quantas almas lutam sozinhas? Quantas carentes de amor vivendo solitariamente mesmo estando rodeada de pessoas? Quantas se deitam a noite em suas camas e sentem como se o mundo estivesse ali estirado sobre eles?
Certa vez Frei Osman (Carmelita) me disse uma coisa lindíssima: “Nossa missão é fazer o céu ser aqui. Mas nosso caminho sempre será de dor e espinhos. O que fazer? Jogar flores pelo caminho para que brotem de nosso próprio sangue caído ao chão”.

Isso torna tudo mais ameno. Tudo mais suportável. A bem da verdade, em meio a todas essas dores, há outras tantas coisas lindas, bonitas de serem vistas, gostosas de serem vividas, atrativas ao nosso coração.
Que mãe consegue resistir ao ingênuo e doce sorriso de seu filho? Que pai não consegue orgulhar-se dos primeiros passos de seu garotinho? Que amigo (verdadeiro) não se alegra com a vitória do outro e cai em prantos quando este está triste? São belezas invisíveis, mas que o coração enxerga a quilômetros de distância! Belezas raras e que resistem ao medo, à dor, ao sofrimento. Que atravessa séculos. Eterniza-se em nós.
Se hoje, algum sofrimento nos aflige, Deus nos oferece a oportunidade de mais uma vez sermos fortes. Sermos firmes. Sermos resilientes. E mesmo que não sintamos a sua presença Ele se materializa por meio de algo/alguém e ali faz o milagre acontecer. E quando não conseguirmos ser fortes, Ele será por nós, é o momento em que descansamos.
Gosto muito do silêncio. Procuro inspirar-me em Maria. Através do silêncio ela suportou dores terríveis causados à sua alma. O silêncio faz a alma crescer, faz o coração acalmar-se, faz o ânimo abrandar-se, faz a razão mais sensata e coerente. Consegui vencer muitos monstros que me assolavam reservando-me ao silêncio. E silenciar o coração é uma batalha duríssima para mim, pois sou por deveras inquieta. Então, sempre que consigo, comemoro uma vitória. Poucos entendem o silêncio, o meu silêncio. Mas é nele que eu cresço.
Não estamos sozinhos. Sei que às vezes nos falta o amor de mãe, de pai, de irmãos, de amigos, de filhos. Sei que às vezes somos incompreendidos, julgados, apontados e muitas vezes desprezados. Mas quando silenciamos os lábios e o coração, Deus abre outro sentido: OS OLHOS. Observamos tudo com uma ótica diferente. Observamos os ciclos abrirem-se e fecharem-se. Temos a oportunidade de ver as coisas como elas realmente são.
Acredito demais na lei da atração. O mundo não precisa se esforçar muito para nos aprisionar, nos oferecer coisas ruins, escolhas erradas, caminhos escuros. E a vida seria muito fácil se isso tudo não existisse. Não daríamos valor às coisas boas, verdadeiras, ao bom senso, ao bom costume, aos princípios éticos e morais. ESCOLHAS! É disso que a vida é feita. E temos o PODER DE ATRAIR coisas boas para nós. Tudo depende de nossas escolhas. Em que mundo desejamos viver, que forma de amor queremos amar, que tipo de pessoas queremos perto de nós, ouvir e falar quando oportuno for, brigar e render-se na hora certa.
Talvez o grande segredo da vida seja tão simplesmente ATRAIR coisas. Lutar por elas. Buscar por elas. Coisas boas, que nos dignifiquem, que nos amadureçam, que nos façam crescer. Enxergar sempre o simples, o belo, o pequeno. Detemos muito o olhar em coisas grandiosas, olhamos muito para o alto.
Adoro a frase de Santa Teresinha do Menino Jesus: “Deus me quer pequena, humilde e escondida”.
Para mim traduzo:
Pequena: Para saber enxergar a verdadeira beleza contida nas coisas simples.
Humilde: Para ter consciência das minhas limitações e ser regida pelo irremediável respeito às coisas do céu.
Escondida: Esconder-me sempre por trás da misericórdia de Deus, de sua proteção, de seu amparo. Colocá-lo à frente das minhas escolhas, minhas decisões. Esconder-me confiante em suas chagas. Saber que não posso nada sozinha.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Medo

Tenho medo de não saber amar, medo de deixar de arriscar, de me aventurar, me jogar
Tenho medo de perder a coragem de arriscar-me por meus amigos, de ser POR e COM eles em toda hora e momento
Tenho medo de não conseguir mais acreditar em pessoas, de não crer que exista bondade
De não ver o belo no simples, de não achar lindo uma folhinha seca sendo levada pelo vento
De não correr e abrir as janelas e portas quando a chuva vem (adoro a chuva) e não poder conversar com minhas flores enquanto se refrescam com a água que cai
Tenho medo de perder de certa forma a fragilidade que me compõe, tenho medo de deixar de ser chorona, sensível e as vezes até fantasiosa
Tenho medo de ter medo do escuro, de andar na rua, de olhar nos olhos das pessoas, de sorrir a um estranho, de ajudar a quem não conheço
Tenho medo de ter medo de viver, de ser quem sou, de gostar de estar sozinha em casa lendo meus livros, vendo meus filmes, ouvindo minhas músicas
Tenho medo de ser controlada, comedida, moldada e engessada por esse medo assolador que aprisiona e envelhece
Quero não tenho medo de viver. De abrir os braços de olhos fechados e abraçar o que vier. Quero continuar escrevendo meus sentimentos, sofrimentos e contentamentos. Minhas histórias em fim, fragmentos do que sou na verdade e com verdade continuar sendo.

quarta-feira, 2 de março de 2011

De noite

A alma cansa
Cansa os pensares, vem os pesares
Olho em volta e tudo volta cinza, nublado
Calo-me. Fecho meus olhos. Ajoelho-me.

Falo baixinho só pra Deus ouvir
Preciso ser breve para não cansar-lhe os ouvidos

Subo diariamente minha ladeira de barro e no meio dela estiro meu lençol
Cubro-me com as estrelas inexistentes daquele céu sem cor
Refresco-me com o vento que ainda não veio, está longe

Longe vão meus pensamentos, permeiam o impossivel
Incredula creio que a noite logo passará
E ela não passa

Estico os braços e alcanço o inimaginavel céu
Escorro-me pelo improvável chão
E ali hei de nascer ou renascer no nada
Mas do nada há de vir de graça a graça que tanto pedi

Forças já não tenho para barganhar ou pagar tal favor
Mas, nascendo ou renascendo
Naquela ladeira ainda estará meu corpo
E minhas mãos ainda tocará o céu

E pela manhã, todos hão de passar por mim

terça-feira, 1 de março de 2011

Estou podando o meu jardim

Sabe aquelas matinhos com nome de “não sei o que” que insistem em nascer em volta das plantas e flores? Pois é, não consigo arrancá-las. Elas tomam conta de todo o espaço e se não tomar cuidado sufocam as demais. Tiro-as e voltam a nascem com mais velocidade que antes.
Existem coisas que assim como estes “matinhos” vêm nos sufocar. Mal nos livramos de uns e lá vêm outros. Cada vez mais fortes. E nem sempre adianta arrancar as raízes.
Levei um tempo observando a natureza e vi que isso é normal. É normal que cresçam ali. Tentei deter-me no lado bom. Observei seu verde espetacular, sua forma desregular insinuando um ar rústico, vi que os insetos preferiam mais a eles (os matinhos) que as plantas e observei também que, podando-os regularmente me renderia um belo gramado (ainda que frágil).
Assim o fiz. Aparei minhas plantinhas, retirei as folhagens secas, aparei os matinhos e me surpreendi como ficou belo.

Interessante como podemos aprender com a natureza. Aqueles matinhos até então insignificantes ajudaram-me a olhar para determinados problemas de uma forma diferente. Eles existem por algum motivo. E às vezes nos acompanharão pelo resto das nossas vidas. Mas é possível conviver com eles, aprender com eles, extrair deles alguma beleza por menor e mais rústica que seja.
E assim, podando o meu jardim, aprendi a admirá-lo ainda mais. E os meus problemas? Bem, continuam lá, mas o aparo de vez em quando e o resultado é um belo gramado. E o mais irônico é que continuo a pisar nele, seja ele problema ou gramado.