terça-feira, 30 de agosto de 2011

Me deixem aqui



Depois de tentar dormir por 1h30min e convencer-me de que não conseguiria, levantei. Acendi a luz. Liguei o computador. Loguei no blog e me pus a chorar. Não era um poema que iria sair de mim para que amanhã vocês o apreciassem.

Não gosto de falar muito do que esteja sentindo de forma explicita aqui, me expresso nas entrelinhas. Gosto que entrem e vejam o melhor de mim embora não seja lá expert em escrever. Mas gosto de deixar algo que gostem de ler. Mas hoje não tenho muito a dar. Enquanto escrevo meu coração se comprime. Soluço. Encharco o rosto que nem reconheço mais.

Insisto em perguntar por que me roubaram tudo o que tinha. Não era muito mas era meu. Na verdade, com minhas decisões erróneas eu permiti. A gente sempre quer arrumar um culpado por nossas desventuras.

Olho em volta do quarto e vejo minhas coisas encaixotadas, mofando na humidade do ambiente. Sinto falta da minha casa, do silêncio e do cheiro. Dizem que casa de mãe é tudo de bom. Talvez seja pra mim também. Mas não tem sido no momento. Entro no email varias vezes ao dia e envio mil currículos. Ligo a cada 24 horas para a delegacia para saber se prenderam o animal que me violou, me mutilou, me roubou o pouco de auto estima que tinha. E nada. E me pergunto o que aconteceria se eu fosse a filha de alguém rico, a esposa de um político, a neta de um empresário. Se eu fosse alguém "importante"... Talvez ele nem tivesse fugido, talvez a policia não tivesse levado eternos trinta minutos pra chegar. Talvez ele nem teria invadido a minha casa. Talvez eu nem tivesse que lutar por minha vida, por meu corpo. Mas não sou. Sequer sou a namorada, a filha, a amiga, a esposa de ninguém. É assim que me sinto: órfã. Sei que o que sinto agora me embassa a visão e que amanhã voltarei a enchergar a todos. Mas agora é assim que me sinto e não posso e não vou refrear.

Procuro amor. Só cobranças de que eu seja forte. Que lute contra a depressão que me assombra e que não aceito ter. Não quero ajuda médica. Quero apenas que Deus me conforte e continue a manter minha cabeça reta, com o olhar voltado para frente. Mas as vezes, como agora, as lágrimas pesam e minha cabeça, como a minha dignidade recai.

Hoje sinto-me indizivelmente só. Como se eu mesma tivesse me abandonado, saído de mim. Uma caixa de carne tentando ser humana, normal, forte. Olham-me e chamam-me de fênix. Mas não sabem que ainda não renasci, ainda permaneço nas cinzas. Ainda dói, sangra.

Se tenho esperanças? Tenho. Hoje é só mais uma recaída na qual permito-me ficar um pouco. Lutar cansa. E numa luta, ou se morre ou se vence. E as vezes os dois. Não sei se vencerei, mas continuarei lutando. Até que as armas enferrujem, até que o céu cinza cubra meu rosto, até que eu não consiga mais caminhar. Até que cortejos angelicais me levem.

Não julguem minha fragilidade. Não tenham piedade. Estou colocando pra fora minha lepra e seu cheiro ruim. Eu preciso fazer isso senão me sufoco. Preciso esvaziar-me para colocar coisas boas no lugar. E eu sei que tudo um dia melhora. Deus nunca me abandonou, embora eu tenha gritado bastante o seu nome e no momento só ouço o eco da minha voz avisando que é só o que restou agora. Que é tempo de espera. Que é tempo de paciência.

Mas não quero ter paciência. Quero que lutem por mim, quero que aceitem minha fragilidade e parem de dizer que sou forte, que lutei e venci... porque não enxergam que morro um pouco todo dia. Também não quero que sintam pena de mim ou que passem a mão na minha cabeça. Apenas  me deixem atravessar esse rio no meu ritmo, no meu tempo, do meu jeito, do jeito que posso e sei. Quando eu cansar, vou me recostar numa pedra qualquer e logo logo continuarei. Sem saber ao certo onde estou pisando, sem saber onde o rio vai terminar. Sem saber se vou conseguir.

Por hoje, deixem-me sangrar.

Amanhã ou tentar fazer uma linda poesia. Ou um texto que gostem de ler. Mas hoje, é tudo o que tenho pra dar. Não tem música, não tem rima, não tem coesão, não tem imagem. É só isto.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Balé para dois

Meu poema não tem flores, nem versos, nem rimas
Nem poema é ou será
Mas as palavras dançam em minha mente
Bailarina solitária rodopiando num balé para dois

Na vastidão do que sinto agora
Os aromas destes passos inundam o universo de mim
Sento-me diante do espelho e cuidadosamente penteio os cabelos
Delineio os traços dos meus olhos profundos como um rio negro
E o rosa da minha boca borrado num beijo que não dei

Recolho as velhas sapatilhas de laços longos e acetinados
Afasto o pó de mim que nelas ficou
Desenrolo a meia dos meus sonhos e visto minhas pernas
Elas me calçam então

E mais uma vez dançamos
Assim, na ponta dos pés que é para não apagar o teu rastro

Porque ainda te sigo

Tempo de cura



Quando a gente olha em volta e as cores vão-se tornando um cinza intenso e insistente
As músicas vão-se perdendo no silêncio que arde e queima e dói e você percebe que não restou mais nada

Quando você tenta com toda a tua força pintar um sol brilhante e quente no meio das tempestades
E tudo o que resta é um frio que arrepia e põe pra fora de teus poros o pouco de calor que resta

Quando você faz uma força sobre-humana para permanecer firme
E tuas muralhas vão-se esvaindo-se como um castelo de areia desfeito com a força frágil de pequenas ondas

E você tenta ainda sorrir
E você tenta ainda seguir
E você tenta ainda acreditar

Quando não conseguimos dar mais um passo sequer
E nos encolhemos em nossa dor e não adianta mais gritar ou gemer
Porque ninguém irá ouvir, ninguém irá chegar


É nesse momento que Deus lhe nos guarda na palma de Suas mãos... e podemos então nos permitir ser fracos... descansar... e parar de debater-se por que já estamos por deveras mutilados

É o tempo da cura

**A citação é uma oração celta.

"Quando você espera que a estrada se abra à sua frente
Que o vento sopre levemente às suas costas
Que o sol brilhe morno e suave em sua face
Que a chuva caia de mansinho em seus campos"

Vitoriosa (Ivan Lins) * Presente de André Resende

 
 
Eu costumo dizer: Tirem-me tudo se for necessário, deixe-me apenas - se puder - o amor, a família e os amigos - engraçado que isto tornou-se realidade. Ainda assim, sinto-me vitoriosa. Não feliz, mas vitoriosa.
 
André, você é sem dúvida uma das pessoas mais importantes da minha vida. Aprendo muito com você. "Quem tem um amigo tem um tesouro."
 
Quero sua risada mais gostosa
Esse seu jeito de achar
Que a vida pode ser maravilhosa...
Quero sua alegria escandalosa
Vitoriosa por não ter
Vergonha de aprender como se goza...
Quero toda sua pouca castidade
Quero toda sua louca liberdade
Quero toda essa vontade
De passar dos seus limites
E ir além, e ir além...
Quero sua risada mais gostosa
Esse seu jeito de achar
Que a vida pode ser maravilhosa
Que a vida pode ser maravilhosa...
Quero toda sua pouca castidade
Quero toda sua louca liberdade
Quero toda essa vontade
De passar dos seus limites
E ir além, e ir além...
Quero sua risada mais gostosa
Esse seu jeito de achar
Que a vida pode ser maravilhosa
Que a vida pode ser maravilhosa...

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Silêncio





Agora é tempo de estagnação.Como linhas de um livro cada vez mais curtas, cada vez menos palavras.

O tempo agora é de silêncio, de buscar dentro do que sou um significado maior para tudo o que há de vir.

Molho-me agora no mar do meu esquecimento e refresco-me em suas gélidas águas enquanto promessas arrepiam em mim.

Arranco para fora da pele a roupa que me aperta e sufoca. Dissipo os maus pensamentos e substituo-os pelo vazio do refazimento. Pausa!

Logo amanhecerá e as palavras novas surgirão como o astro que traz em si toda a força e calor. O silêncio vai-se aos poucos dissipando e esvaziando-se da mudez.

Revisto-me de novas vestes. E limpa das sombras que fragilizam-me contemplo o horizonte amplamente alargado e sei:

Poderei sempre retornar à estas águas. E o astro sempre surgirá como mensageiro de uma nova era.

Cegos!


Estamos cegos!
E o nosso silêncio os fazem adormecer.



terça-feira, 23 de agosto de 2011

Utopia










   Louca!
É o que dizem por eu ser assim.
   Aceito
Por desvairadamente correr atrás do que sonho.
   Acredito
Meus olhos tem foguetes que seguem velozmente os horizontes que procuro.
   Ainda
Meus pés que não cansam só abrem-se e expõe sua carne.
   E não se abatem
São talhados no calor do solo outrora relva que deitei.
   E dormi
Meu corpo movimenta-se tal qual um halo que nunca se viu.
   Sobressai-se ao escuro

E nada mais que digam ou calem freiam meus impulsos e desejos
E meus horizontes vão-se alargando enquanto vou-me agachando devagarinho
   É tardinha!
Aprumo minha cabeça numa pedra qualquer debaixo duma árvore frondosa
E repouso o esqueleto viajante enquanto meus olhos vão fechando-se
   l e n t a m e n t e
Fixados na imagem que tanto busquei
   E posso então descansar

sábado, 20 de agosto de 2011

Se me amas

Se me ama
Não me mude, não me use, não mutile
Não abra o baú dos meus sonhos
São como balões
Podem voar

Se me ama
Me deixa ir
Para poder vir
Para poder ficar

Se me ama
Não peça que eu recomeçe
Que eu reinvente
Que eu ignore

Se me ama
Aceita meus vazios
Aceita meus acúmulos
Aceita meus credos

Meus absurdos
Minha insônia
Minha embriaguez fácil
Meu riso solto
Minha cara amarrada

O rosa das minhas unhas
O alto do meu salto
O borrado da minha maquiagem
A incoerência da minha tatuagem

Lembra? Foi assim que tudo começou!
Foi assim que você olhou
Foi assim que você ficou

Não faz tanto tempo assim

Eu gosto do teu cigarro
Gosto do teu olho apertado
Gosto das tuas imitações (e eu rio sempre)
Gosto do teu riso, do teu choro, do teu silêncio
Gosto quando vai embora
Porque volta
Porque fica
Porque entra em mim
Porque se vira la dentro
Porque contorce tudo

E depois
Descansa em paz
Estamos em paz!
Imagens: fragmentos.bz / By Marina Faria
* Marina, obrigada pela gentileza de permitir usar suas lindas ilustrações!

Bela da noite

Do alto, só, aguarda sua hora
Enamorada do mar se derrama inteira
Completa
Em suas águas silenciosas
Escancara seu viço e adentra no útero de suas correntes
Fecunda-lhe de saudade e sedução
E se expande na maré como mil esmeraldas duma cor só
E se estilhaça nos corais multicoloridos como turquesas
O suor que dela sai une-se às águas embebecida pelo desejo
E o celebram como a um filho gerado no silêncio
E no fim, volta
Inteira
Para o seu lugar
No céu, bela da noite
A lua
E daqui de baixo o tempo emudece, até que volte
E pode-se então ouvir a voz do muezim

Saudade

Não te odeio simplesmente
Ou tão somente
Odeio tua origem

Não odeio quando chegas
Ou quando vais embora
É a tua permanência que me arde
E queima
E tonteia
E me tira de mim
E sai por ai
Até ires embora

Odeio teu nome
Tua família, teu pai e teu filho
Tua herança

Quando sair
Faça um favor: feche a porta
Saudade de m _ _ da!

Letras quebradas

Universo
Une
Verso
Inverso
Reverso
Téspio
Deixo
Queixo
Regresso
Imerso

Rio
Pio
Vil
Ardil
Febril
Anil
Viril

Ar


Rima
Ar
Rimar
Rir
Amar

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

De dentro pra fora

Os 6 primeiros meses desse ano trouxeram muitas coisas (aquele momento que você vai do céu ao inferno em fração de segundos): Violência contra mulher, roubo, desemprego, decepção com amigos, com família, descaso das autoridades, problema financeiro, de saúde e psicológico.

As pessoas ajudam por um tempo. Depois naturalmente retomam suas vidas. É assim que tem que ser. Ninguém mais fica "até o fim" com ninguém!

Errado!

Fica sim. Tive duas pessoas essenciais nesses maus momentos: Minha mãe santíssima, a qual dedico - frágil - mas sincera devoção, e ao seu filho, meu amado Jesus.

Com eles eu fraquejei muitas vezes, me desesperei outras mil. Mas eu sempre pegava no sono com o rosto ainda molhado e acordava melhor. Silenciosamente eles me acolhiam em seu amor e cuidavam de mim. Abri mão de psicólogos, de algumas outras ajudas, não porque achei que fosse certo, mas porque meu coração pedia. E não me arrependi!

Enquanto lutava por vida era Ela quem eu via. Enquanto as lágrimas me cegavam, era Ele quem me guiava.

Ainda fraquejo, sofro, caio... Mas Deus desenvolveu em mim a capacidade de me levantar - ainda que de joelhos -, ainda que eu esteja machucada. E Ele tem permitido que eu seja feliz nas pequenas coisas. E é uma felicidade que não vem de pessoas, ou de coisas. Vem de dentro de mim. As pessoas não são o centro, mas o complemento dessa felicidade.

Não importa que adversidade estejamos enfrentando nesse momento, com certeza não é maior que o amor que Deus tem por nós, da vontade que Ele tem de nos fazer felizes... Não é maior que o sonho que Ele tem para nós. Não importa quantos se empenhem em destruir tais sonhos, não conseguirão!

Sempre que alguém faz mal a nós, esse mal torna-se uma ponte para algo ainda maior, melhor. Quanto mais somos afligidos, mais exaltados somos diante de Deus, mais justificados somos por Ele.

Mais amados...

Não me considero forte! Me considero uma pessoa fortalecida no amor".

Ainda é amor

Sim! Ainda sinto!
E acho que ainda sentirei por muito tempo!
O frio, o arrepio, o suor, o tremor...
A voz ligeiramente rouca e trêmula
Como meus dedos e pernas e coxas

É! Ainda é real
Meu positivismo ressalta você nos melhores sonhos
E gero energias que te fecundam no ventre da paz
Da tranquilidade, do silêncio e do desejo

É! Como amar sem desejar?
Sem o coração acelerar só com o teu vulto, com teu viço!
Seria amor?
Que amor serve de conveniência senão aquele frio, arredio, que mantêm o tino?
Que tipo de amor é este que as pessoas inventaram que é gélido, inerte, sozinho, vazio?

Como não olhar o relógio e alegrar-se porque a  hora aproxima-se?
E ele mesmo te entristecer porque a hora já acabou e você ou eu precisamos ir?
Não existe amor sem desejo, sem carinho, sem  ternura, sem saudade, sem vontade, sem os tremores febris como as tardes quentes de verão!

Amadurecemos! Mas o amor é imaturo!
Nos deixa como adolescentes que se aventuram ao menor sinal
De novidades ou não!

Mas ele não é racional! E é perfeito do jeito que é!
É a variável da nossa existência, é o ponto de total desequilíbrio!

Quando você olha para o futuro e não sabe exatamente onde e como vai estar
Mas sabe que, esteja onde e como estiver, é com ele(a) que quer estar!
É amor! Tão puro e simples!

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Na corda, na vida

Não adianta balançar a corda
Ela não bamba, dança com meus pés
Caminho sobre ela... ainda de saltos
E do alto vejo as nuvens e faço desenhos com a imaginação
Não me distraio, não balanço, não caio


Abro a sombrinha da minha ousadia
E persigo o sonho que eu sonhei pra mim
Ah, mas por acaso conseguires que eu caia
Usarei a corda para pular
E ainda assim... estarei me divertindo


sábado, 13 de agosto de 2011

Era pra ser pra sempre!

Ser herói nunca um papel que você desejasse
Mas nem precisava
Foi uma fase dura, época difícil onde eram os pais que decidiam pelos filhos
Mas penso naqueles teimosos! Sim, da sua época. Eram tão diferentes assim?

Disseram: Culpa do preconceito. Acreditei!
Mas o preconceito não cala o sangue! Ao menos não deveria.
Mas calou. Na verdade nasceu sem voz, sem vez.

Mas te amei de maneira tão gratuita, tão pura, não importava que te visse sempre de costas
Repito: Não queria um herói.

É um segredo. Não conta a ninguém nem mesmo para você ou para mim: Sempre te amei
E sempre chorei por dentro
Tua ausência ainda é um vazio que não se preenche, é um grito que não cala, é um cheiro que não some

Cresci antes de você. Ironia!
Sonhei cuidar de vocês quando só lhes restassem cabelos brancos. Só restou ela, pelos dois. E as vezes ela não conseguia ser só ela. Faltava os dois.

Mas foi heroina. Guerreira. Lutou e não desistiu. Errou mais que acertou, mas ficou! Insistiu.

Amanhã é teu dia. Deveria ser de nós cinco. Mas será só de vocês três.

Engraçado como a gente pode amar loucamente uma pessoa e ao mesmo tempo saber que é incapaz de estar perto.

Mas amo! Amo com loucura!

Chove muito agora e me pergunto se estás quentinho, agasalhado, seguro. Imaginho teus grisalhos, teus olhos verdes como o mar que sempre me encantou.

Sabia que todos os dias me velho no espelho e vejo o sinal do teu olho no meu e lembro?

Não! Não sabia. Nunca soube.

Lembra? Era pra ser pra sempre!

O mais dolorido é que queria você aqui, mesmo sabendo que você não consegue.

De qualquer maneira, te amo Pai!

Assim, sem querer

Era uma tarde como outra qualquer
Nem quente, nem fria, nem outono, nem viril
Peguei na mão da minha ousadia e sai
A terra ainda umedecida pela água que logo cedo caíra
Exalava um cheiro que lembro bem

Silêncio: é uma canção!
Eu a conheço!
Ah, é o rio... ele tem pressa. Há um encontro, precisa ir correndo
Mas vai cantando e contando aos que encontra no caminho sua história
Lhe saúdo e sigo.


Ainda não sei bem onde vou
Mas minha ousadia ainda segura firme na minha mão
Sinto: Sou livre como aquele rio que segue
Ou como aquela terra úmida
Ou como o cheiro que sai dela
Ou como algo que ainda não conheço, mas o sou

Não tenho rumo, nem prumo
E tenho tudo, tudo me tem, tudo me detém
Me descalso de mim e deixo meus pés nús - d e s p i d o s
Que criem vida! Sejam livres! Ousem e sigam!

Vê? Eles vão...

Confúcio disse que nada dura, mas tudo se transforma

Por isso, assim, sem querer

Engoli um casulo

E hoje...

Uma borboleta mora em mim

assim, sem querer

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

De malas prontas

"Pesos desnecessários causam sempre dores desnecessárias.

Esvaziei a mala, olhei no fundo dela, limpei, e estou indo preenchê-la com coisas novas.

Sensações novas, situações novas, pessoas novas. Tudo novo."
Caio Fernando Abreu


Ah, se o Caio me permite, eu acrescento:

Novo também é o olhar. Troquei-o. Não me interessava mais. Este, o de hoje, é mais leve, mais aberto, mais alegre e... mais meu!

É tudo o que preciso: Uma mala e um novo olhar!

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Ao luar

Ao luar
Quando as sombras brincam
Quando o pensamento é maior do que poderia acontecer
Tira o seu fôlego
Suspiros e sussurros
Suaves risadas no ar
Convites silenciosos em todos os lugares

Ao luar
Todas as palavras que você diz
Faz com que seja relativamente fácil
Para ser varrido
À meia luz
Podemos confiar no modo como nos sentimos?
Podemos ter certeza de que tudo é real?

Estrelas guardam segredos quando vagam indiscretamente
Enquanto os ecos de uma música vão à deriva
Devemos ser cuidadosos para não perder o rumo completamente
 Ou a mágica que buscamos aqui sumirá
Nós não podemos ter certeza que estará sempre aqui

Pela manhã
Com a lua longe
E talvez nos braços um do outro
É onde nós estamos destinados a ficar

Na luz do amor
Quando nossos olhos se acostumaram à luz do dia
Veremos o que nos espera para compartilharmos... juntos
Para todas as coisas que sonhamos ao luar
Estará lá

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Butterflies

Nada dura.


Mas tudo muda.

Começar a recomeçar

Recife, 09 de agosto de 2011, 10:53h

Vê?
É isso! Outro dia, outra chance, outro recomeço!
Juntar caquinhos nem sempre garante a reestabilização do que foi quebrado
Jogá-los fora também não é garantia de que tudo ficará para trás.

Sim!
As vezes o espelho não reflete nossa imagem, mesmo quando estamos diante dele
Não reconhecemos a imagem ali refletida e seus contornos embaçam nossa visão
E ainda sim somos nós ali.

É certo: O fim sempre representa o começo
E o (re) começo sempre depende de nós.

Subir no telhado de vez em quando é bom
Assim é possível olhar tudo de cima, outro ângulo, outra perspectiva
E logo encontramos outro contexto, nem sempre tão dramático, nem sempre tão caótico
É só poeira.

Deixar de amar não é garantia para deixar de sofrer
Também não é necessário amar o sofrimento e sim o que aprendemos com ele
Seus frutos são mais valiosos e generosos que os demais
E amar, sempre será a melhor escolha, o melhor caminho.

Ainda há tempo!
As possibilidades só findam quando morremos
Mas ai... outro (re) começo.

Vê?
Sempre é tempo de (re) começar!

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Só cinzas

Tão poucas palavras, ou nenhuma
E nem digo, calo apenas
E o silêncio que grita em mim, grita na madrugada
Que me rouba o sono

Os dias são tão iguais e diferentes do que pensei
Houve o tempo do contentamento, e já não é mais
E no tempo perdeu-se no caminho e nunca mais voltou
Era tempo de ir embora

Só esqueceu de levar tudo
Deixou o vulto, a lembrança
Farei uma enorme fogueira e ali queimarei
Dançarei em volta e entoarei cânticos que não compreendo

De breve virá a chuva
O fogo logo cessará
Só cinzas
E o colorido que já se finda
Só cinzas

Nem fogo, nem cânticos, nem chuva

Só cinzas

domingo, 7 de agosto de 2011

Subserviência

Subserviência é resultado do medo. O medo de sermos nós mesmos - a falta de coragem para enfrentar, mudar, mover-se em outra direção. O auto-respeito nos livra do medo e da dependência.

Quando deixamos de pensar sobre nós mesmos com honestidade, nos tornamos subservientes às opiniões sociais e às  pessoas com quem interagimos. Para romper a subserviência temos que examinar os bloqueios e emoções que nos limitam.

Um os fatores que nos levam a alimentar essas limitações, são as emoções transferidas pelo que recebemos do outro. Nem sempre recebemos o que queremos, o que desejamos. As pessoas teimam em dar seus restos, suas sobras. E nós, a recebemos. Aceitamos. Até quando isso será o bastante? Eis a questão.

Podemos SIM construir nossa própria história. Isso se faz sozinho. As pessoas são apenas personagens que vamos adicionando e que têm sim sua importância e são sim fundamentais. Mas nós é que temos que ser os diretores, escritores e atores principais da nossa história. E somos nós que gritamos -quando chega a hora -: CORTA!

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

O amor muda tudo

O amor muda tudo
Mãos e faces
Terra e Céu
Como você vive e
Como você morre

O amor pode fazer o verão voar e ser frio
Ou a noite parecer com a vida, clara e luminosa
Faz a chuva quente e seca, áspera

Sim, amor
Agora eu tremo em seu nome, em seu toque
Meus poros abrem-se com o suspiro que sai de você, e fecha quando vai embora
Nada no mundo será sempre o mesmo
Os dias são mais longos
As palavras dizem mais
A dor é mais profunda do que antes
 
Amor girará o mundo ao redor
E esse mundo durará para sempre
 

Sim, Amor
Amor muda tudo
Traz tua glória
Traz tua desgraça
Nada no mundo será sempre o mesmo

Distante no mundo entramos
Planejamentos futuros
Dando forma aos anos, dias, horas
Explosões partindo de dentro e de repente...
...Toda nossa sabedoria desaparece

Amor
Faz qualquer um de tolo
Todas as regras que fazemos são quebradas
As flores não são simplesmente flores

Sim, Amor
Amor muda tudo
Vive a perecer em sua fama

O amor nunca, nunca deixará você ser o mesmo
 
E pior que possa parecer, não sentiremos falta de quem fomos um dia...
...Antes de conhecer o amor

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

\o/ \o/ amigo, bom demais \o/ \o/

A gloria da amizade não é a mão estendida, nem o sorriso carinhoso, nem mesmo a delícia da companhia.
É a inspiração espiritual que vem quando você  descobre que alguém acredita e confia em você. E essa inspiração se completa quando você também acredita e confia no outro transformando-se numa poderosa energia.



terça-feira, 2 de agosto de 2011

SERhumano, acima de tudo

Costumo dizer que passamos uma parte da nossa vida tentando construir quem queremos ser e a outra parte tentando mudar quem somos.

Era só um garoto como outro qualquer, mas tinha uma vontade de fazer tudo diferente de todos. Uma alegria que beirava tonalidades teatrais, era popular. No auge de seus 16 anos achava que poderia abraçar o mundo inteiro apenas com a vontade voar, esticava bem os braços, fechava os olhos e atirava-se.

Em casa, sempre silêncioso e quieto. A casa sempre cheia impedia que percebessem seu silêncio. A bem da verdade, sua presença ou ausência era pouco notada. Exceto quando voltava para casa tarde da noite e esquecia sua chave. Alguém tinha que abrir.

O tempo passou e pouca coisa mudou. Ele, que passou parte da sua vida tentando compreender quem era, constituir sua personalidade a despeito de seus medos e dúvidas, pouco sabia a esta altura sobre si mesmo.  Mas sabia que era diferente, não gostava do que sentia. Sentia medo. Escondia-se num vaozinho que arrumara dentro de si mesmo e mantinha-se ali, encolhido. Poucos o enxergavam de verdade.

Como todos, um dia descobriu quem era. E embora tenha debatido-se ferozmente diante da realidade que o marcara pelo resto de sua vida, nada restava-lhe a não ser aceitar-se, uma vez que "seu mundo" não aceitava.

Colocou sua mochila nas costas, vestiu seu all star, seu boné e foi embora. Na mochila só coisas essenciais, nada que pesasse ou o lembrasse daquela época em que tudo o reprimia, mal sabia que levava consigo um peso que não poderia dispensar, por mais que quisesse: suas memórias.

Hoje um adulto, ainda tenta aceitar-se e compreender sua natureza. Em meio a erros e acertos vai reescrevendo sua história e tenta colocar nelas um final feliz. A casa enorme e vazia é o espelho de sua alma, mas tem um enorme janelão escancarado por onde entram feixes de luz tornando o ambiente todo iluminado.

A história poderia ser diferente a partir de um certo ponto. O ponto que normalmente marca a vida de qualquer pessoa: Aquele em que não devemos estar sozinhos.

Sim, sua sexualidade é diferente. Mas suas necessidades de pessoa, de filho, de irmão, de amigo, de cidadão... são as mesmas de qualquer outro ser humano.

O preconceito fede tanto quanto a hipocresia que margeia nossa sociedade.

Repensemos.