domingo, 31 de julho de 2011

+ Happy

Eu simplesmente não consigo parar
Lá fora o dia já clareou
Mas se você quiser transformar
O ribeirão em braço de mar


Você vai ter que encontrar
Aonde nasce a fonte do ser
E perceber meu coração
Bater mais forte só por você
O mundo lá sempre a rodar,
E em cima dele tudo vale
Quem sabe isso quer dizer amor,
Estrada de fazer o sonho acontecer


Milton Nascimento


*** Para você momo, por esse e por todos os outros momentos.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Happy Happy Happy

Não é que eu tenha os pés na lua e a cabeça em Marte. Na verdade sou de Vénus.
Não é que eu me detenha mais aos sonhos e as fantasias que à realidade.

É que é bom demais ser e estar feliz. É bom demais ver o universo inteiro - repito, inteiro - conspirando a teu favor.

É bom demais não deixar-se levar pelos agouros de corações azedos.

Sim! Quando chove fininho eu corro para o quintal e brinco com meu cachorro. Estico bem as mãos e vejo como Deus é vivo. Presente. Real. E não o chamo em vão! É uma fé experimentada, vivenciada, testemunhada... Creio num só Deus! Este que manda chuva pra eu molhar a ponta da língua. E manda o sol pra esquentar a ponta dos meus dedos.

Ah, quando encontro meus amigos... Sim! Aqueles lá do passado... os verdadeiros... é tão bom, tão quente. Eles são reais, insolúveis.

Não! Não sinta inveja ou pense que são inverdades. Não tenho a pretensão de convencer a ninguém, muito menos a você. Nem mesmo a mim. Detenho-me ao prezer de simplesmente sentir... hum! Não sabe  que está perdendo.

Ah, sim, faça-me um favor. Dê-me a gentileza de cair no teu esquecimento, sepulta-me de vez em tuas lembranças. Não venha ao meu barraco. Aqui, só planto flores e colho amores, os verdadeiros. Só os amigos são bem vindos... Você não!

Xôoooo!

Ah, se quer saber, nunca fui tão feliz.

Garanto, há males que vem para o bem... Eu tenho o que jamais terás: AMOR! E o melhor de tudo além de ter, ou pratico AMOR.

Xôoooo!

Só os amigos são bem vindos. Você não.

Quer uma receita para ser feliz? Tira as máscaras que pesam em teu rosto. Descobri esse segredo e, indiferente à críticas, sou feliz.

Se é dia de ser triste, sê triste. Se é dia de ser alegre, sê alegre. Talvez quando tirares as máscaras que já se acomodaram a tua personalidade perfida, teu coração não será tão gélido, tuas atitudes não serão tão maléficas, teus amores serão mais verdadeiros, tuas amizades mais duradouras... Falando nisso, o que te resta? Hã... não resta, nem sobra. Evapora!

Ei, psiu! Olha o teu relógio, já está na hora de ser melhor! Cuidado para não se atrasar. As horas passam rápido. E ao contrário dos ponteiros do relógio, a vida não passa duas vezes no mesmo lugar.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Grito silencioso

Sentado na velha cadeira feita por suas mãos encalejadas e enrugadas, o casebre de sapê iluminado por um lampião que queimava querosene incensando o ambiente. Os ombros ligeiramente caídos, as têmporas apertadas esboçava um sentimento que seus pequeninos não sabiam interpretar.

- Que foi Pai?
- Nada não filho, vai dormir.
- Não, vou esperar o Pedro chegar, enquanto isso, brinco com a Maria

O homem olha fixamente para os pequeninos, inocentes, indefesos e sente o peito apertar.

- Pai eu pedi a papai do céu que te desse um trabalho, Ele vai me ouvir eu sei. Porque dizem que Ele sempre ouve as criancinhas que obedece a seus pais e que vão à escola. Diz Maria com lindo sorriso nos lábios.

Pedro chega. Um menino de 8 anos, magrelinho e maior do que a idade supunha. Tira do bolso um saquinho todo amassado e põe na mesa que faz um barulho de algumas poucas moedas. Na outra mão um saco de pão, apenas três foi o que conseguiu por ajudar uma senhora ao carregar suas compras.

O pai, sente o coração ainda mais espremido.

- Pai, você já comeu? Eu trouxe uns pãezinhos, são só três, mas dá para todos comermos na janta.

O pai o olha com admiração, o toma em seus braços e lembra-se quando ele era criança. A história se repete.

- Não filho já comi. Divida com seus irmãos e depois leve-os para a cama.  O que sobrar, fica para o café da manhã.

E assim Pedro obedece. E o pai, que mentira sobre ter-se alimentado, engole a seco às lágrimas que teimam em querer sair e exprime uma prece silenciosa por um dia melhor.

E as crianças vão dormir. Juntam suas mãozinhas e repetem as preces que fazem todos os dias. Preces repletas de esperança e sonhos.

O lampião é apagado, mais uma noite termina.

*** Essa é uma história real, infelizmente. E ficamos a nos perguntar "O que podemos fazer?" e enquanto nos perguntamos o tempo vai passando, vamos consumindo mais do que podemos, ganhando mais do que precisamos, recebendo mais do que merecemos. E outros vão vivendo à margem da sociedade, transferindo sua miséria de geração em geração. Nunca estamos satisfeitos.

Os filhos ficam emburrados quando não lancham na McDonnald. As esposas ficam insatisfeitas quando não são levadas para jantar toda semana. Os maridos ficam stressados quando não tomam seu Whisky. Os adolescentes querem acompanhar a moda do momento que dura cada vez menos.

Viver é caro. E pelo que parece, caro não é o suficiente para nos fazer parar e pensar: Se é difícil para nós, como será para os outros?

Talvez porque não saibamos de fato o valor das coisas e das pessoas. Talvez porque seus gritos sejam silenciosos. Talvez porque não enxerguemos bem.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Sem sentido

Não vou te dar a eternidade de mim
Nem roubar-te o que já te dei de ti
Não quero tuas mãos dada às minhas, presas e pregadas
Tampouco teus pés usando as formas dos meus
Não precisa seguir o meu horizonte, segue tua verticalidade
Apenas peço-te que deixes ao menos minha sombra, se é que é minha
E mantenha-se nela em silêncio puro e contínuo, obediente
Refugiarei-me das lembranças que um dia foi
No verso de mim ainda há as marcas e contornos teus
Braços e pernas e troncos e pensamentos misturados e dispersos
Eternizamo-nos no porvir de um sonho que não será
Emaranhando meus eus com os teus, ainda somos
E o espelho ainda embaçado guarda a imagem de quem somos de fato
Ali, mudos, estáticos, inertes, frios, distantes...
E vai aos poucos registrando o furor do tempo
Eu na minha horizontalidade, você na sua verticalidade
Eu saindo de mim para ser em ti, em passos lentos e retos
Mas ainda em direcções opostas

sábado, 23 de julho de 2011

O Medo e a Paz

- O que foi? Do que está rindo?

Pergunta a paz ao medo:

- Hã? Ah, nada demais, apenas admirado com minha obra.
Fala o medo olhando para os homens com os olhos brilhando.

- Sua obra? Admirado? Como pode sentir admiração com o pavor escancarado nos olhos dos homens? Não vê como sofrem?

- Sim, vejo. É disso que me alimento. Mas confesso que não tenho precisado esforçar-me muito ultimamente. O homem cada vez esquece você e assim abre espaço para que eu habite nele. Ele mesmo - por suas próprias mãos - criam prisões, armas, venenos, violência, caos. Tudo criação deles. Assim é facil.

A paz põe-se pensativa e lastima ter que concordar.

O medo continua:
- Sabe,  não lembro de nenhuma época em que o homem fosse mais sensato. Sempre sedento por poder, movido por ambição, matando, multilando, aprisionando e submetendo seus iguais. Guerras por pedaço de terras, por tronos, guerra por guerra... por nada...

- Você está certo. Todavia, a humanidade não está definitivamente fadada a viver sob sua tirania. Eu ainda estou aqui. Ainda desejo cumprir o papel que me foi confiado. Diz a Paz com voz firme.

O medo gargalha! Porém a Paz continua...
- Há um exército espiritual sob o meu comando. Nós recebemos ordens de um ser supremo. Com a fé que nos move podemos voar, remover por completo a escuridão e espalhar pela humanidade inteira chuva de amor e de... paz!

- Mas para isso o homem precisa querer e parece-me que não estão interessados. Ressalta o medo.

- Alguns sim, certamente. Estamos numa batalha. Permanecerei alerta, sempre pronta e livre de qualquer descuido. Ao contrário do homem, nada temo.

O medo com tom irônico interrompe:
- Deveriam criar uma "bomba de paz" que atinja a humanidade por completo e faça esse trabalho que parece-me tão difícil. Seria mais rápido.

A Paz conclui:
- Haverá um dia em que o homem tenha criado dentro de si uma fonte inesgotável de paz. E ele ficará surpreso ao descobrir que ela sempre esteve lá, dentro dele durante todo o tempo. Mas sua cegueira interior lhes impediu de ver dando espaço ao medo. Quanto a você, nós só podemos dar aquilo que temos. O medo se alimenta do próprio medo. E esse será o seu fim: aniquilado por suas próprias mãos. E quando esse dia chegar terá o homem percebido que passaram gerações lutando contra eles mesmos. Que a verdadeira paz é aquela que nos move a fazer o bem, que nos faz amar o próximo, que nos leva a cuidar do mundo que nos foi dado em confiança, a garantir a existência de gerações futuras, a usar a inteligência para alimentar a luz e não a escuridão. Nesse dia a humanidade será livre, verdadeiramente livre.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

O dia

Refugiada no meu quarto
Próximo da janela que o ilumina e estabelece a fronteira
Entre o real e o ilusório, espreito o mundo lá fora…

Navego, entre os fragmentos da memória…
Recordados num espaço
Onde o silêncio é interrompido pelo som da musica
Onde a realidade cede o lugar ao universo da imaginação

Instantânea...

E quando em fim à hora triste dobra
E um tardo toque despede a noite horrenda
Que vai-se escoando e esvair-se em violeta
E a têmpora preta assedia a luz
Sobre a beleza do dia então questiono
Quem há de sofrer à dura prova?
E tais graças em abandono
Ao anoitecer morrem
Para com ele nascer a graça nova

terça-feira, 19 de julho de 2011

Que seja doce

Que tudo seja doce, sem ser breve, nem ser eterno

Que tudo seja claro, sem ser dia, ou mesmo noite

Que tudo seja verdadeiro, sem ser promessa ou vaidade

Que seja doce, simplesmente doce. E nem precisa ser eterno

... E nem tão breve

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Aproveite o dia

No berço da nossa ignorância criamos a verdade ilusória de que sabemos realmente em que direção estamos indo e que temos sim o controle de tudo. Ah, somos tão eficientes em planejar e executar com perfeição cada passo da nossa vida. Não há erros, é só seguir o script.
Bah!  Que nada!
A grande verdade é que quanto mais planejamos, quanto mais nos esforçamos em RE-conhecer-nos, quanto mais cremos no que criamos, mais perdidos estamos e somos.
Nossas histórias se misturam com a poeira deixada na estrada de outras vidas que outrora passaram ali, e mais adiante, cruzamos – ainda empoeirados – com outras vidas que se emaranharão com as nossas. Nem sabiamos quem eram até poucos segundos atrás. E alguns segundos à frente... PRONTO... já são parte de nós.
A viagem segue:  mais poeira, mais gente, mais vida, mais histórias. Apanhamos algumas flores no caminho admirados e encantados com o balé de cores e odores. Uma vez ouvi que a verdade é contraditória. Talvez seja. Algumas vezes é preciso estar longe para estar perto. As vezes é preciso perder para ter. As vezes é preciso esquecer para lembrar. Morrer para nascer.  Partir para chegar. Dividir para somar.
Tudo é tão confuso, mas ao mesmo tempo tão mágico. O bom mesmo, é deixar-se levar, sem muitos planos para coisas simples. O simples precisa ser simples, para quê complicar?
Carpe Diem

sábado, 16 de julho de 2011

Satisfaction - Rolling Stones

Encontrei essa relíquia, espero que gostem. Eu particularmente adoro!!!

Bjusssss

Isso é amor

Sabe quando o coração está aquecido, e a gente sente vontade de falar com quem amamos mesmo quando não temos assunto, quando este alguém assume nossas batalhas, vibra com nossas conquistas, nos levanta, nos alegra, e ficamos tristes quando temos apenas algumas horas ao lado deste ser que faz o nosso sorriso mais bonito, que nos dá vontade de pôr uma roupa nova, de colocar batom, de pintar o cabelo, de usar o melhor perfume... Que nos faz olhar compulsivamente o relógio para ver se a hora chegou, ou de ficar mirando celular para ver alguma chamada, ou alguma mensagem e na sua presença tudo é simples, tudo tem cor, som, tudo vibra, pulsa, vive... Isso é amor!

E esse amor nos leva para frente, nos faz querer mais, nos faz sonhar, nos faz esperar, nos faz reféns e cúmplices e irmãos e companheiros e ... bobos! Porque somos bobos quando amamos.

tam tam tam tam tam tam tam tam




sexta-feira, 15 de julho de 2011

Saudade boa

Hoje andei revirando o meu baú. Encontrei uma fotografia tão antiga com os rostos borrados pelo tempo e pela humidade. Mas dava para ver bem: uma garota de 5 anos com seu vestido rodado, xadrez em vermelho e branco, com mangas fofinhas, cabelo ralinho e quase branco (feito espiga de milho e com um cabeção), essa era eu. A mão direita na cintura e um sorriso que ficou ali. No mesmo cenário  meu irmão com seu conjunto de shorts e blusa vermelha - as crianças sempre têm o pai por herói, o meu era meu irmão -, completando a paisagem de uma época feliz minha linda avó (motivo da minha nostalgia hoje). Mas são lembranças felizes.

Nunca gostei do meu aniversário porque foi quando ela foi embora e tudo ficou diferente. Era a referência mais real de amor materno que já tive na minha vida. Incondicional.

Sempre que estou triste, lembro dela afagando meus cabelos, colocando no colo, e eu recostava em seu peito enquanto desfazia suas tranças longas e lisas. Meu irmão disputava comigo aquele colinho, mas o dividíamos sempre, era tão meu quanto dele.

Nunca tivemos quem nos dissesse o que era certo ou errado, ou que indicasse caminhos, ou que sentasse conosco para fazer tarefas, ou que fizesse um bolo gostoso no dia de nossos aniversários. Mas tínhamos um ao outro, e ela por anjo. Nossa maturidade veio de mãos dadas. Era necessário crescer antes do tempo, era necessário calar a vontade de brincar, ou simplesmente rir com desenhos animados. Tínhamos de ser gente grande.

Mas essa história não é triste, não a trocaria por nada. Essas linhas não contêm manchas de lágrima (exceto a de gratidão).

Lembro que ela sempre contava para nós que quando se fosse não seria para sempre. Quando quiséssemos falar com ela, era só olhar para a lua que ela estaria lá dentro - sempre imaginei ela pilotando  a lua - (daí o meu hábito de ir imaginando o cenário de coisas que vão me contando, é ouvindo e visualizando) e lembro que quando ela se foi passei dias a fio no quintal de casa olhando para a lua e conversando com ela. Não tem como hoje olhar a lua e não lembrar dela. Não tem como fazer um bolo dia de domingo e não sentir o cheiro do bolo dela. Saudade boa.

Bom, dia 20 está vindo. E é um dia de saudade. E sei que este será muito diferente do que eu gostaria que fosse. Não terão velas para apagar, mas haverão desejos no coração que todos os dias fazem parte das minhas preces. Um em especial talvez não seja da vontade de Deus e tenho tentado me preparar para aceitar isso. Embora seja muito difícil, acho que vou precisar deixar esse "desejo" de lado, pois ele é só meu, e não deveria ser assim para dar certo. Mas aprendi a "dar graças por tudo".

Tottus tu

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Revendo quem somos

Já percebeu que algumas pessoas vivem suas vidas como se fossem verdadeiras "desventuras em série"? Que valorizam muito mais os acontecimentos ruins aos bons? E que de tanto convivermos com estas pessoas nos pegamos algumas vezes fazendo o mesmo: reclamando de tudo.

Algumas pessoas têm mesmo essa tendência de segurar firme nas mãos do passado, especialmente aos acontecimentos ruins, fazendo com que não enxerguem os pequenos e bons acontecimentos do momento presente.

Considero que uma das grandes energias que move o universo é o otimismo. Tudo é bom mesmo quando é ruim. Loucura? Não. Os acontecimentos ruins nos trazem ao menos aprendizado, experiência, nos torna fortes, preparados. Os acontecimentos bons vêm como benção, graça. Sabe aquela história de "fazer limonada apenas com um limão"? Pois é. Transformar o ruim no bom e pode acreditar que se você estiver disposto a fazer isso, o universo inteiro irá conspirar ao teu favor. Mas só se você quiser. Aliás, as coisas boas só nos acontecem se primeiramente estivermos preparados para vivenciá-las, para enxergá-las, para acolhê-las em nossas vidas. Caso contrário,  não vai rolar.

Cada pessoa traz dentro de si experiências dolorosas que o acompanharão pelo resto de suas vidas, mas não devem interferir de forma negativa na forma que vivemos. Feridas que mesmo fechadas, por baixo da pele ainda latejam, ainda doem. Mas podemos sim escolher como podemos viver. Como nos portamos diante dos acontecimentos, das tragédias, das vitórias, das conquistas.

Ao invés de ficar reclamando de tudo, pára um pouco, repensa as atitudes, traça uma estratégia para tua vida, identifica o que te faz mal, começa te libertando destas coisas que te fazem mal e vai à luta. Se te falta dinheiro, conforto, amor, paz e etc., só você pode mudar isso. Alimenta o otimismo na tua vida, exerce a autoconfiança, reconstrói quem és começando por tuas convicções. É difícil admitir, mas às vezes é necessário reconstruir quem somos e rever o que acreditamos. Abrindo mão de algumas coisas, revendo nossos valores e conceitos talvez encontremos o nosso "ponto certo".

Até um tempo atrás eu abria minhas feridas para os outros. Demorou até que percebi o quanto minhas dores deixavam as pessoas tristes. Perdiam o brilho dos olhos tentando colocar-se no meu lugar. Isso me deixava triste. Afinal, o brilho no olho de outra pessoa é algo que nos dá vida, ânimo e nos incentiva a buscar energias positivas. Percebi que minhas dores são apenas minhas, e se elas já estão conjugadas no passado, passado é. Fim. Além do mais, isso me mantinha exposta, e algumas pessoas não tinham maturidade para lidar com tais "confidências". Além do fato de que cada vez que eu falava de alguma dor passado, era como se eu ressuscitasse um defunto, e de fato era. Então, resolvi deixar os mortos descansarem em paz.

Tem uma música de Luiza Possi que tem um trecho que gosto muito "quero que você me dê o que tiver de bom pra dar". É isso. Temos a obrigação de sermos melhor para os outros, de dar a eles o que temos de melhor. Considerando a lei do retorno, é exatamente o que receberemos de volta, o melhor dos outros e da vida. Às vezes questiono a teoria do "primeiro eu, segundo eu, terceiro eu". Acho que não se aplica a tudo, não pode ser uma regra. Pois acredito que nos tornamos seres humanos melhores à medida que fazemos o bem aos outros, e nessa lógica a ordem é inversa: primeiro ele. Essa troca de energia faz um bem tremendo à alma, ao coração, ao corpo, ao espírito. O outro se completa em mim através de minhas ações. E eu me completo no outro através do resultado das minhas ações na vida dele. Tudo é troca. Energia só é energia se acreditarmos nela, em troca, ela conspirará para que coisas maravilhosas nos aconteçam.

"Quero que você me dê o que tiver de bom pra dar".

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Só um colinho

Leve voo e o vento me leva bem leve como folha levada até cair no teu quintal
Levantar de manhãzinha e ficar ali, paradinha colibri de tão leve no ar, no vento
Levada em pluma lenta e branquinha solta e alta
Elevados os pensamentos até tocarem os teus dedos
É o tato que toca meu eu e me transporta para si, ali, acima
E me debruço nos teus pezinhos e suplico um carinho, de levinho
E leve teu tato toca o que sou e me soltas um sorriso
Que de brilho e cor e som e luz e flor e cheiro, vejo que és Deus
E fico leve porque é teu dedinho que me leva e eleva alto para alcançar teu peito
E cantarolando com as batidas do teu peito, solto um suspiro e adormeço

sábado, 9 de julho de 2011

Ainda tenho asas

E foi assim, criando e recriando, rejuntando pedaços e pequenos fragmentos de mim que tornei-me quem sou e assusta-me concluir que não sei. Mas presumo que este é o encantamento que torna tudo possível: não conhecer os limites, não ter todas as respostas, não saber identificar todos os sentimentos – e tão somente senti-los. É como cair de um penhasco e gritar com um sorriso rompendo o selo dos meus lábios que adoro voar. E vôo. Sinto o vento agredir-me o rosto e vejo tudo tão pequeno que não há como me assustar. E abro meus braços como se pudessem abraçar tudo ao mesmo tempo: e posso!
E vôo cada vez mais. Salto de penhascos cada vez mais altos. Tenho asas nos pés como Hermes (ou Mercúrio). Difere-me apenas o fato de não ser mensageira dos deuses e nem ousaria ser-lo, mas de mim mesma.
Não tenho medo! Mas sinto aquele friozinho na barriga que antecipa ora momentos bons, ora momentos ruins. Não importa. Preparo-me para todos e caminho (vôo) por estes dois pólos vivendo tudo ao seu tempo i n t e n s a m e n t e.
E quando tudo acabar quero continuar voando (com minhas asas nos pés), rompendo cada nuvem e abraçando o impossível porque, sinceramente, não desejo outra coisa senão continuar a pular de meus mais altos penhascos.

O Rei, a sombra e a máscara - Sidney Nicéas

O homem passa metade da vida tentando construir quem ele deseja ser, e a outra metade tentando corrigir quem ele é.

Ao longo da nossa vida criamos vários personagens para nossa própria actuação. Tecemos máscaras, cada uma diferente da outra, que faça-se nossa imagem e semelhança. Não suportamos ver quem de fato somos.

Travamos verdadeiras guerrilhas com tais personagens, damos a eles cores, sons, movimentos e até estórias. Mas sempre, sempre ocupamos o papel principal nesse teatro de faces.

O Rei que ora somos, também o somos em nossas criaturas: Astro Rei e a Lua. Dois "eus" a serviço do outro "eu". E as vezes nos perdemos deles e neles.


"- Criatura: que fazes em meu mundo?
- Eu sou tu. Teu avesso. Parte de ti. Criatura alargando teu mínimo ser, oh infame rei.
- Blasfêmia
- Como? não conheces a tua própria criação? Não reconheces a ti próprio, pretensa majestade?"

**Página 33 do livro O Rei, a sombra e a máscara, de Sidney Nicéas.

Majestade que somos, carecemos de súditos, de reinado. Instituímos "leis" que representam tudo aquilo que mais repudiamos na sociedade e a elas instituímos moralismos imorais.

E todos dançamos no mesmo baile, com ou sem máscaras. Morais e imorais. Criaturas e criador. O real e o ilusório.

Este livro "O Rei, a sombra e a máscara" nos remete a uma viagem dentro de nós mesmos, quando ainda éramos ainda um pedaço de terra, antes de começar a construção de nós mesmos. Nos faz refletir sobre o que tecemos de nós, nossos valores e nossas escolhas. Nossa postura diante de nós e dos outros.

É impossível não lê-lo e não fazer-se a pergunta: Quem eu sou?

Podemos até não chegar à resposta, e se já a tínhamos essa será substituído por uma nova perspectiva a cerca do "nosso verdadeiro eu".


Recomendadíssimo. Sugiro que leiam mais de uma vez, verão que a cada leitura uma nova descoberta e um novo questionamento surge. Tive a oportunidade de lê-lo em dois momentos diferentes da minha vida, e para cada momento obtive sensações distintas, porém de muito acréscimo espiritual e pessoal, e até mesmo profissional.

Quem desejar adquiri-lo acesse http://www.sidneyniceas.com.br/ Ao meu amigo Sidney, sucesso hoje e sempre, do tamanho da sua simplicidade e talento.

Demorou, mais aqui está. Minha experiênca com este livro fantástico.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Paramahansa Yogananda

"Ao irradiar amor e boa vontade para os outros, abrirei o canal para que venha a mim o amor de Deus. O amor divino é o imã que atrai para mim todo o bem"

Paramahansa Yogananda

Gente feia... cheiro ruim!

Olhando atentamente a nossa volta percebemos como existem pessoas feias. Não fisicamente, mas espiritualmente. Suas vidas é uma sucessão de enganos, tropeços e cheiro ruim. Suas feridas de tão profundas exalam um odor que fere suas almas de tal forma que não conseguem produzir nada que seja bom.

Pessoas feias "jogam" com a vida dos outros, espalham a discórdia, utilizam o mal através de atitudes tão simples e quase imperceptíveis.

Pessoas feias não admitem quando perdem, não aceitam o fim do combate, ignoram as lições da vida, faz o amor transformar-se em algo feio, vulgar, medíocre, maldoso. Elas sequer sabem o que é amar...  Não sabem o que é de fato “ir até o inferno” por uma pessoa que amamos.

Pensando nisso tudo me bate um cansaço tão grande. Enquanto simplesmente caminho para o meu destino - seja ele qual for - vou deixando minhas armas, medos e armadura no chão. Não quero mais ouvir palavras feias de gente feia. Não quero mais alimentar mágoa, não quero mais sentir esse cheiro ruim, não quero mais ver essa feiúra: chega!

Tanta coisa boa e linda acontece o tempo todo com a gente, é perda de tempo nos apegar ao que não tem importância alguma. “O mal sempre volta para casa”.

De volta ao regaço acolhedor... É assim que me sinto. Voltando para casa. Deixando tudo para trás porque o que me consome agora é um imenso cansaço. Uma fadiga por lidar com gente feia e por tentar não sentir nojo de suas atitudes. E ao mesmo tempo bloquear o sentimento de pena, tão indigno para qualquer ser humano. SER HUMANO! Forte essa palavra.

E agora, eu deixo meus medos e minhas armas no chão. Só quero voltar pra casa e abraçar as pessoas que amo.

Olho-me no espelho e não sinto vergonha do que vejo. Deito a noite e durmo em paz. Ando na rua e tenho a cabeça erguida. Ajoelho-me diante de Deus e me sinto acolhida. Encontro as pessoas da minha vida e sinto a força milagrosamente poderosa chamada amor.. Assim, no singular, porém pluralizado em toda sua forma de amar e se manifestar.

Vamos voltar para casa, vamos jogar tudo no chão – inclusive esse cheiro ruim que ficou em nós – e voltar. É hora!

sábado, 2 de julho de 2011

O dia em que o sol não saiu (para Euzonia)

Hoje o dia começou cinza, o sol não saiu. Não haviam pássarros no céu e nem crianças correndo na rua. Não havia música ou pessoas rindo.

Uma amiga se foi, triste, pois queria ficar um pouco mais. Mas o seu corpo - que não acompanhava sua alma jovem - já estava cansado demais para continuar e precisava deitar-se, era tarde e a hora de recolher-se chegou.

E ela dorme enquanto seus anjos - em quem tanto acreditava - a leva com cuidado para o lado de Deus. E quando chegar lá irá acordar feliz porque saberá que tudo estará bem. E nós ficaremos aqui cultivando as lembranças e saudade que doerá um pouco e por um bom tempo.

Me lembrarei sempre das nossas conversas na varanda, da caipirosca que tanto gostava, da agulhinha frita em Luiz e principalmente, da vontade de viver. E viveu!

Dorme em paz!

** Para Euzonia que nos deixou hoje, um dia em que o sol não saiu.**