segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Interrogatório

Interrogatório
Não queremos poesia,
Queremos mágicas, artifícios,
Queremos explosões, meteóricas emoções e sensações
Queremos experimentar o inexperimentável
Procuramos tapar na existência fatais vazios
E apesar de imenso esforço, uma atrofia.
Um músculo sequer move-se nessa vã tentativa de reagir

Mas o que sabem vocês outros da secreta elevação
Dos sagrados e histéricos soluços da garganta a chorar?
Quando, consumidos pelo haxixe da alma em imersão,
Beijamos o primeiro degrau, para além de cujo limiar
Os deuses moram?
Vivem?
Persistem?
Ou simplesmente residem na vastidão de nossa insana ilusão?
Se moram, onde então será sua brigada?
Se vivem, como podemos então vos tocar?
Se persistem, será então que lutam para alimentar nossa crença?
Ou seremos nós, frágeis e ignorantes seres cuja existência só persiste se crermos no que ninguém mais crê?

Ah, outrora pequeninos, de fé imatura e intocável
Podíamos olhar o céu e ver mais que meras nuvens
Podíamos olhar o homem e enxergar mais do que um ser maior que nós

Onde ela está? Quem roubou nossa fé? Quem, de coração impuro a imaculou?
De certo voz alguma poderá nos responder
Mas sim, o espelho por ventura faria a vez dessa voz emudecida
Sem palavra alguma proferir

E nós? Com que cor pintamos nossa cara?
Com que pano tecemos nossas vestes?
Com que metal fizemos nossas armaduras?
 
Armaduras? Para que mesmo nós a fizemos?

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