Despi minha alma deixando-a totalmente desnuda. Deitei-a naquele chão gélido e a vi estremecer enquanto apenas me distanciava (não a merecia). De longe, ia-me e observava que ainda suspirava com certa e estranha calmaria (admirei-a). E fui-me. Vazia, sem poros, sem ar, sem hálito, sem pensar, sem pesares. Simplesmente fui-me. Um corpo andando como um sepulcro vazio, uma caixa de carne despida de sua mais nobre vestimenta. O colorido do caminho ia acinzentando-se, a luz ia-se empanando até o breu total. As vidas à volta iam-se retirando uma a uma até o isolamento total. Tudo que tentava tocar desvanecia com brutalidade total que sangrava. Sangrava pedra, chão e ar. Como um zumbi apenas ia. Mas algo fez aquela caixa de carne regressar. Encontrou-a. E ali, naquele chão gélido, lá estava ela: minha alma. E ela ainda respirava.
Aquele zumbi que me tornei abaixou-se e, com os dedos ainda respingando sangue, tocou-a. Um suspiro mais intenso se deu, retrai-me. Deitei ao seu lado, encolhi-me toda e fiquei a olhá-la. O universo deixara de existir naquele momento. Nada fazia mais sentido. De repente percebi-me triste: como pude deixá-la ali? Como pude despir-me dela? De repente lá estava eu, sem rosto, e ela me salvou.
A tristeza nos confunde. Cega-nos.
ResponderExcluirE seu texto está cego, confuso e angustiante.
Puseste muitos elementos de semi-vida, sobrevivência infeliz...
São tristes as linhas, como também é trsite o sentimento do abandono.
os elementos que compõem a trizteza são confusos. sua confusão cega, entorpece, escurece, tira a vida. Como se fosse uma folha que seca antes da hora, é isso que ela faz com quem a sente. Sou esta folha que hoje, pelo menos, caiu da árvore antes do tempo. Perdeu eu verde. Aguardo a esperança, como uma folh aseca aguarda a terra para servir-lhe pelo menos de adubo.
ResponderExcluirQue a sua esperança venha conduzida pela primavera... Se caíste, levanta-te. Ergue teu rosto, a tua face e olha para imensidão que nada diz, apenas está lá visível a qualquer olhar. A encontramos muitas vezes anil, desenhada em nuvens, escura, chuvosa, com relâmpagos, mas permance lá. Sempre está lá.
ResponderExcluirSe teu céu está cinzento como tu'alma olha pra ele e se refaz.
Tens que fazer nasce um arco-íris de prazer.
Ergue-te Luiza.
Ordena tu'alma que se erga.
Pela primeira vez "vi" um corpo deixar a alma - e não o inverso. E jamais pensei que houvesse trágica beleza nesse processo... Poético.
ResponderExcluirEstamos vivos. Corpo e alma. E o nosso objetivo maior e ascender. Eis a nossa poética de cada dia. Vamos em frente!
Cheiro grande!
Vc é uma poeta nata!!
ResponderExcluirParabéns por nos fazer sentir que a vida tem muitas flores, apesar dos espinhos que muitas vezes sangram.