sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

A areia, o mar e as pedras

Transito em dois mundos. A um deles atrevo-me classificando de sub. Passeio alternando meu trajeto entre areia, mar e pedras. Em todos vou deixando minhas pegadas, não apenas contornadas com o centro ligeiramente afundado dado o peso da minha existência. Mas todo, totalmente preenchido por um liquido vermelho. Uns acreditam que esse líquido signifique morte, perda. Eu, simplesmente VIDA. É o que sai de mim e em mim fora nutrido e nutrindo.
As pegadas vão formando uma trilha de um vermelho intenso, profundo. Algumas vezes seu trajeto descontinua dado o intenso cansaço. Ao invés de pegadas, apenas dedos marcam a areia - dessa vez mais profundamente -, o mar e as pedras. Os tornozelos ligeiramente erguidos denotam o cansaço e o rebaixamento dos joelhos que por sua vez também deixara ali a sua marca também vermelha. À sua frente, vejo duas mãos... São as minhas. Suas marcas vão se borrando e desbotando com a mistura rica, fina e invisível da água com sal que escorre pela minha face. O sol acima, não consegue atingir meu rosto dado sua posição atual. Mas sinto aquele calor invasivo tomando toda a minha cabeça.
Suspiro...
Silêncio...
Outro suspiro...
Mais vermelho...
Num sobressalto, ergo-me continuo meu trajeto. Desta vez, o vermelho vai tornando-se menos intenso, menos espesso. A areia vem fininha invadindo todos os vãos entre meus dedos. O mar vem lavar e retirar aquelas manchas, apagando aquele registro. E por fim, as pedras vêm massageá-los extraindo para si toda e qualquer dor e permitindo que as falanges voltem aos seus lugares. O sol, que antes mirava apenas minha nuca, agora me envolve completamente (re) aquecendo aquele vermelho que agora havia apenas dentro de mim, transitando livremente mantendo-me erguida, viva, ressuscitada.
Aquele cheiro delicadamente misturado de areia, mar e pedras vêm como em rajadas me submetendo a um arroubamento jamais experimentado.
Êxtase...
Pude olhar para traz com uma calma indescritível, indizível, incompreensível e testemunhar que o mar GENTILMENTE tratara cada uma das pegadas ali deixadas. Tomava-as para si, como se a ele sempre pertencesse... Como de fato era... Como de fato é.
E eu me refiz...

2 comentários:

  1. "Êxtase...
    (...) eu me refiz..."


    Chegando nesta praia, ainda no trajeto, já senti o cheiro do mar, esse cheiro tornara-se minha bússola até a imensidão. Chegando aqui e vendo as pegadas se apagando, aquela mulher se refazendo, a paisagem do crepúculo... É tudo tão bonito e intenso que não partirei, sentarei nesta pedra, tiro minhas sandálias calmamente, pois quero tocar a areia e comoc rinça montar castelos... devanear...

    Ador-te!!!

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  2. ahhhhhhhhhhh

    senta... fica... olha.... sente...

    no mar e pelo mar...

    simbolo de refazimento

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