sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Só uma oração

Santos de todos os nomes que aguardais o revesso das almas perdidas
Vós que tumultuais o mais alto dos céus
Digam-me, pela prece agoniada que vos dirijo que paz tem a mim reservada?
Que luz há de alumiar-me? Que vento há de refrescar-me? Que água há de purificar-me? Que amor há de consumir-me e fazer-me morrer então de amar?
Digam-me, oh doces mártires? Há respostas?
Quantos de vós ocupais-se assim da minha prece tão louca e sem sentido? Quantos de vós inclinais-se à minha tão exagerada pequenez?
Não temam! Minhas misérias não poderiam vos consumir! Não teria eu como vos tornar inclináveis aos insumos de meus pecados!
Ah, mas vós ao me tocar poderiam purificar-me! Poderiam livrar-me dessa agonia que não conheço bem. Poderiam tornar brandas as dores que me queimam e consomem fazendo cair meus pedaços ao chão que eu mesma piso...
Tragam-me os anjos à minha presença, vos suplico, para que cantem frente à minha lápide com suas asas influenciando o vento. Que esse vento venha refrescar-me o suspiro último que não dei, de tão ardido e quente, foi-se antes do tempo esperado.
Mas ouvirei alegre, com a boca manchada com o amargo fel, e sorrirei.
Sorrirei e lembrar-me-ei da presença de todos vós quando chegar ao meu destino. E lá, farei um pequeno jardim, plantarei algumas florzinhas e para cada uma delas dar-lhe-eis vossos nomes. E todas as manhãs hei de molhar-vos com minhas lágrimas e rejubilarei quando, em retribuição, me oferecerdes seus botões.
(...) e sorrirei
(...) e chorarei
(...) e descansarei


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