terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Reinventando

Lentamente minhas mãos se erguem e tentam alcançar meu rosto
Mantenho os olhos fechados e tento traduzir o que é mostrado ao tato
Há um grande conflito, divergência entre o que minha lembrança mostra e o que meu tato lê
O velho e o novo! O que é e o que era!
Não conheço estes sinais gentilmente cedidos pelo tempo e com o tempo

Refaço o mesmo caminho e volto um pouco
A pele mais rígida, mais tenra, mais firme
Não há tantas marcas
Doces sonhos, eternas promessas, inúmeras ilusões
Ah, o belo poema febril da juventude

Continuo o meu regresso caminho
Brinquedos e desenhos por toda parte
Bolo da vovó, amiguinhos no jardim, corda de pular, boneca de pano
Nada a se preocupar, alias, é preciso pensar na próxima brincadeira, próximo brinquedo

A caminhada continua
Não ando, sou levada nos braços do amor que por amor me concebeu
Não me alimento, o amor me alimenta enquanto olha meus pequenos e confusos olhos
Não falo, mas o amor entende cada palavra que ainda não sei pronunciar

Caminho mais um pouco
Volto ao lugar quente, úmido e protetor: matriz que me cerca e me define
Útero celeste, guardião de promessas, casulo

A caminhada continua
Agora só um sonho, um desejo
Um Deus que idealiza suas criaturas e as faz ganhar vida, forma, cor
Não existo
E retrocedo no tempo novamente
E volto a tocar meu rosto, marcado, conflitante, maduro
E tudo recomeça com o fim

Um comentário:

  1. Sentimento de maturidade e aceitação.
    Vendo o belo nas marcas.
    "E tudo recomeça com o fim"..
    O fim é sempre um novo estágio..

    Saudades

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