quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Meu chão de ipê

Imaginei aquele velho caminho que por tantas vezes passei, seus corredores repletos de lindos e coloridos ipês. Fazia seu espetáculo de cores e suavidade ao mesmo tempo que doava suas belas folhas para servirem de tapete. E nele meus pés pisavam, descalsos ou não, enquanto meus olhos admirados contemplava os raios de sol que atravessavam as folhas que ainda moravam em seus finos e altos galhos.
Os passáros também não faziam-se de rogados, aproveitava aquele belo cenário e faziam festa naquelas secas folhas sacudindo suas asinhas – esparramando-se - levantando seus biquinhos e cantarolando (ou rezando). Não se importavam por eu estar ali também.
Abaixei-me, toquei aquele rico chão. A terra ainda molhada pelo frio da noite que se fora, fornecia um delicioso perfume. Apertei aquela terra úmida, senti entre meus dedos cada partícula que lhe compunha. Continuei caminhando e alí, não tinha posses, bagagens, letreiros, martine, arrogância, maldade, roupas ou máscaras... Era só eu e as folhas secas dos ipês. Senti-me livre presa naquele belo corredor colorido e iluminado pelos raios de sol.
Poderia voar, embora não tivesse asas. Mas minha alma (livre) possuia asas e percorria o oceano inteiro sem sequer sair do lugar enquanto deslizava suas mãos sobre as águas num rasante voo.
Ia e vinha... oceano e ipês... mãos na terra, mãos no mar.

Um comentário:

  1. Voar...
    Nadar...
    Sonhar...

    Três elementos que me transportaram daqui.
    Adoro te ler, Luiza!!!

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