segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Indizivelmente só

Indizivelmente só

Hoje acordei assim... procurei lembrar-me de quanto tempo fazia que não me sentia assim. Busquei um pouco mais lá no fundo da memória... não fazia tanto tempo: Foi ontem.

Eu estava indizivelmente só

Isso me faz questionar se sirvo de minha própria companhia, se as vezes minha alma parece querer correr para longe de mim, para que meu espírito não a perturbe com as imagens que passam e repassam.

Minha alma também resolveu brigar com meu coração. Cansou-se de olhar rostos distorcidos e sentimentos vãos, desprezados e desprezáveis.

Brigou também com meu corpo. Não o quer mais. Quis apartar-se do meu corpo urgentemente. Diz não suportar mais que desejem coisas opostas. Um quer norte, outro quer sul. Não conseguem mais viver e conviver.

Indizivelmente só...

A alma quer partir...

Quer deixar o espiríto...

Quer abandonar o coração...

Quer ver-se longe do corpo...

E eu? o que restará de mim? Mas já não resta tanta coisa! Poderei eu viver ainda mais vazia que este perfeito vazio? O pouco que tinha, um vulto encarregou de levar. Desgostoso com a miséria de mim que levava em suas mãos, voltou, e levou também o meu nada, era a única coisa que me sobrara.

Agora ficou escuro. Os ouvidos já ensurdeceram. Os movimentos cessaram.

Estou indizivelmente só

4 comentários:

  1. Nunca!!!
    ahahaha

    Te amo, flor.. tôquicumtuesempre!!!
    xeru

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  2. Line,

    O que mais me chama atenção nesta leitura é o reflexo do íntimo humano.
    Observo sua coragem de expor aqui sentimentos da carne íntima humana, a dor interior, a ferida espiritual e que por ser tão escarnecido-chagado-estigmarizada afastam os olhares dos mais próximos e nem traz feição aos mais distantes. Como o próprio "Servo" relatado por Isaías a respeito da Profecia da crucificação de Jesus:
    "Porque foi subindo como renovo perante ele, e como raiz de uma terra seca; não tinha beleza nem formosura e, olhando nós para ele, não havia boa aparência nele, para que o desejássemos.
    Era desprezado, e o mais rejeitado entre os homens, homem de dores, e experimentado nos trabalhos; e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum".

    É comum ao homem afastar-se do que mal cheira, do que é feio e de todo e qualquer escárnio, e principalemnte aceitar ser este ser ferido.

    Ler suas dores é espelndido, pois me faz reencontrar esse Ser ferido que se esconde em mim ou que outrora o fiz fugir ("eu já não moro mais em mim", bem cantado por Adriana Calcanhotto). Neste reflexo pessoal vejo o que ainda precisa ser curado e vou em busca do bálsamo que alivie as dores mais ínfimas.

    Parabéns poor se abrir e sangrar essa vacina que infelizmente te envenana, louvável a outros salvar.


    Beijos, querida.

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  3. O texto de Isaías encontra-se no capítulo 53, 1b-2.

    Correção:

    Parabéns por se abrir e sangrar esta vacina que, infelizmente, te envena, mas louvável por a outros salvar.

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  4. O que posso te dizer? Apenas que te amo amiga e companheira!

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