a seca mata minha senhora
o chão parece cimento
os animais estão morrendo
e as crianças a chorar
pedem o pão noite e dia
e eu nessa agonia
só me resta rezar
está ficando tudo cinza
cada canto, cada esquina
e o sol a castigar
acabou o verde, acabou o pasto
e quem seguir o rastro
verá morte onde passar
a seca mata minha senhora
o chão de barro batido
acolhe as lagrimas dum gemido
que eu calo pra rezar
se puder minha senhora
carrega essa prece pro moço lá de cima
que acabe esse castigo
eu rogo pelos emudecidos
que não conseguem mais rezar
e agradeço minha senhora
sua visita nessa hora
atendeu-me sem demora
enquanto rogava-nos a chorar